sábado, 14 de abril de 2012

Conto 18 - Parte 5 e Final


Parte 5 

Acreditei que o melhor a fazer naquela situação toda era deixar que ele ficasse um tempo sozinho, sem que ninguém o incomodasse, ele precisava sentir o luto por sua família, agora ele estava sozinho, mas sabia que sempre teria um abrigo em minha casa, meu pai nunca negaria ajuda para ele.
Haviam se passado dois dias e ele ainda não tinha dado um sinal simples de vida, não sabia o que havia acontecido, não conseguia mais encontra-lo, talvez tivesse partido, talvez tivesse se matado, talvez estivesse apenas em um lugar seguro pensando sobre o que aconteceu, era complicado, pensar no que poderia ter acontecido com ele, mas complicado ainda mais não me preocupar com o que poderia estar acontecendo depois de toda aquela situação.
Estava preocupado e depois de dois dias estava na hora de conseguir encontra-lo para saber o que houve, até que alguns barulhos vieram do celeiro onde treinávamos, corri para lá e ao chegar o vi, estava forjando alguma coisa.
Ao escutar que eu me aproximava olhou assustado para traz preocupado com o que pudesse estar vindo, ao me ver seu olho brilhou como se estivesse cheio de lagrimas, mas nenhuma caiu, somente o brilho das lagrimas que enchiam os olhos.
Aproximando-me mais ele olhou para mim e disse:
- Não venha meu amigo, o que estou para fazer de e ser feito apenas por mim,, ninguém mais deverá sofrer, muitos já pagaram por meu erros e por minha falta de habilidade para proteger, posso ser o melhor para salvar a minha vida, mas sou um fraco quando se trata de salvar a vida das outras pessoas.
Não podia fazer nada, ali estava a pessoa que perdeu toda sua família por ter aprendido a combate, a se defender por culpa minha, o que meu pai acho que iria ajudar só causou a desgraça para meu amigo e poderia causar a desgraça para minha vida também, ainda mais se eu perdesse meu único e verdadeiro amigo.
Parei ao seu lado sem dizer nenhuma palavra, vi o que ele estava fazendo, e comecei a ajuda-lo, juntos nós começamos a produzir diversas armas brancas, estávamos nos preparando para uma guerra, onde de um lado tinham muitas pessoas e do outro apenas nós dois.
Sentamos e ele abriu um mapa, lá estava toda a estrutura da cidade, cada lugar onde o grupo tinha pontos, cada lugar onde cada um daqueles malditos estavam, e principalmente, onde ficava o verdadeiro líder daquele grupo, onde morava aquele que comandava toda a região, que cuidava de cada grupo, de cada trabalho ilegal, de cada uma das coisas que estragavam a nossa cidade e para minha surpresa esse local era a minha casa.

Parte Final

Tinha descoberto a pior coisa que poderia descobri naquele momento, meu pai era a pessoa que comandava tudo, realmente era muito estranho ele conhecer pessoas que sabiam tantas coisas perigosas, mas eu não podia imaginar que era assim, sabia que naquele momento não tinha nada o que dizer, nem mesmo nada o que fazer, mas uma coisa eu sabia, ia chegar o momento que uma decisão seria tomada e eu não sabia qual lado iria ficar.
Começamos nos grupos menores e passamos para os maiores cada líder de cada grupo era eliminado, um a um, até chegarmos no que chefiava os grupos, tudo era feito com muita facilidade e frieza, meu pai havia me preparado muito bem para aquela situação, ele só não esperava que a sua arma fosse ser usada contra ele, não voltei para casa enquanto estava trabalhando junto a meu amigo, não havia sentido enfrentar o maior inimigo naquele momento, andamos muito e cada vez tentavam se preparar mais para nós, mais era impossível.
Em um determinado momento estávamos não só caçando mais sendo caçados, o que era inútil, até que percebemos que aqueles que nos treinaram haviam sido contratados para nos caçar, nessa altura provavelmente meu pai já estava pronto para me ver morto, sabia que o que houvesse que ser feito para evitar uma tragédia já tinha se passado e agora o fim era inevitável, fosse o dele ou o meu.
Fomos bem treinados, mas não éramos os mestres, sabíamos que não seria fácil lidar com eles, haviam nos treinado e sabiam do que éramos capazes, mas o que nem mesmo um mestre era capaz de lidar era com dois de seus discípulos altamente treinados e não somente por eles, assim encontramos problemas, mais como tudo passamos por cima e seguimos em frente, estávamos cansados e quase sem dormir, um minuto que um dormia o outro guardava, mas quanto mais lutávamos mais pessoas apareciam, parecia não ter fim, aqueles que eram vencidos na cidade pareciam invocar pessoas de fora, como uma barata ao morrer exala um cheiro avisando a outra onde aparecer.
A situação estava complicada, quando resolvemos que estava na hora de parar a mina, sessar a fonte de pessoas e de verbas, chegamos a minha casa, estávamos ali parados a frente, como se fossemos esperados, alguns guardas vieram, mas ninguém era o suficiente para duas pessoas que não tinham nada a perder, eu só tinha que saber uma coisa, e ao chegar a frente de meu pai lhe perguntei:
- Por que deixou isso acontecer?
Ele olhou e disse:
- Preparei vocês para governarem o que estava construindo, você meu filho para ser líder e seu amigo para ser seu braço direito, não esperava que iriam descobrir como vocês eram bons e quando atacaram eles já era tarde de mais, esse é o problema de lidar com pessoas ignorantes, agiram por impulso e quando fui ver a situação já havia se descontrolado.
Todo meu mundo caiu, e não sabia o que fazer, olhei para o lado e meu amigo olhou em meus olhos profundamente, eu sabia o que fazer, não havia mais ninguém, não existia mais grupos e ali era o fim, como um jogo que chega ao fim, dei as costas e parti, no dia seguinte quando me apresentei frente ao monastério ouvi que meu pai havia morrido e que meu amigo havia sido morto junto a ele sendo ele colocado como seu filho em um assalto mal sucedido.