Parte 5
Acreditei que o melhor a fazer
naquela situação toda era deixar que ele ficasse um tempo sozinho, sem que
ninguém o incomodasse, ele precisava sentir o luto por sua família, agora ele
estava sozinho, mas sabia que sempre teria um abrigo em minha casa, meu pai
nunca negaria ajuda para ele.
Haviam se passado dois dias e ele
ainda não tinha dado um sinal simples de vida, não sabia o que havia
acontecido, não conseguia mais encontra-lo, talvez tivesse partido, talvez
tivesse se matado, talvez estivesse apenas em um lugar seguro pensando sobre o
que aconteceu, era complicado, pensar no que poderia ter acontecido com ele,
mas complicado ainda mais não me preocupar com o que poderia estar acontecendo
depois de toda aquela situação.
Estava preocupado e depois de
dois dias estava na hora de conseguir encontra-lo para saber o que houve, até
que alguns barulhos vieram do celeiro onde treinávamos, corri para lá e ao
chegar o vi, estava forjando alguma coisa.
Ao escutar que eu me aproximava
olhou assustado para traz preocupado com o que pudesse estar vindo, ao me ver
seu olho brilhou como se estivesse cheio de lagrimas, mas nenhuma caiu, somente
o brilho das lagrimas que enchiam os olhos.
Aproximando-me mais ele olhou
para mim e disse:
- Não venha meu amigo, o que
estou para fazer de e ser feito apenas por mim,, ninguém mais deverá sofrer,
muitos já pagaram por meu erros e por minha falta de habilidade para proteger,
posso ser o melhor para salvar a minha vida, mas sou um fraco quando se trata
de salvar a vida das outras pessoas.
Não podia fazer nada, ali estava
a pessoa que perdeu toda sua família por ter aprendido a combate, a se defender
por culpa minha, o que meu pai acho que iria ajudar só causou a desgraça para
meu amigo e poderia causar a desgraça para minha vida também, ainda mais se eu
perdesse meu único e verdadeiro amigo.
Parei ao seu lado sem dizer
nenhuma palavra, vi o que ele estava fazendo, e comecei a ajuda-lo, juntos nós
começamos a produzir diversas armas brancas, estávamos nos preparando para uma
guerra, onde de um lado tinham muitas pessoas e do outro apenas nós dois.
Sentamos e ele abriu um mapa, lá
estava toda a estrutura da cidade, cada lugar onde o grupo tinha pontos, cada
lugar onde cada um daqueles malditos estavam, e principalmente, onde ficava o
verdadeiro líder daquele grupo, onde morava aquele que comandava toda a região,
que cuidava de cada grupo, de cada trabalho ilegal, de cada uma das coisas que
estragavam a nossa cidade e para minha surpresa esse local era a minha casa.
Parte Final
Tinha descoberto a pior coisa que
poderia descobri naquele momento, meu pai era a pessoa que comandava tudo,
realmente era muito estranho ele conhecer pessoas que sabiam tantas coisas
perigosas, mas eu não podia imaginar que era assim, sabia que naquele momento
não tinha nada o que dizer, nem mesmo nada o que fazer, mas uma coisa eu sabia,
ia chegar o momento que uma decisão seria tomada e eu não sabia qual lado iria
ficar.
Começamos nos grupos menores e
passamos para os maiores cada líder de cada grupo era eliminado, um a um, até
chegarmos no que chefiava os grupos, tudo era feito com muita facilidade e
frieza, meu pai havia me preparado muito bem para aquela situação, ele só não
esperava que a sua arma fosse ser usada contra ele, não voltei para casa
enquanto estava trabalhando junto a meu amigo, não havia sentido enfrentar o
maior inimigo naquele momento, andamos muito e cada vez tentavam se preparar
mais para nós, mais era impossível.
Em um determinado momento estávamos
não só caçando mais sendo caçados, o que era inútil, até que percebemos que
aqueles que nos treinaram haviam sido contratados para nos caçar, nessa altura
provavelmente meu pai já estava pronto para me ver morto, sabia que o que
houvesse que ser feito para evitar uma tragédia já tinha se passado e agora o
fim era inevitável, fosse o dele ou o meu.
Fomos bem treinados, mas não éramos
os mestres, sabíamos que não seria fácil lidar com eles, haviam nos treinado e
sabiam do que éramos capazes, mas o que nem mesmo um mestre era capaz de lidar
era com dois de seus discípulos altamente treinados e não somente por eles,
assim encontramos problemas, mais como tudo passamos por cima e seguimos em
frente, estávamos cansados e quase sem dormir, um minuto que um dormia o outro
guardava, mas quanto mais lutávamos mais pessoas apareciam, parecia não ter
fim, aqueles que eram vencidos na cidade pareciam invocar pessoas de fora, como
uma barata ao morrer exala um cheiro avisando a outra onde aparecer.
A situação estava complicada,
quando resolvemos que estava na hora de parar a mina, sessar a fonte de pessoas
e de verbas, chegamos a minha casa, estávamos ali parados a frente, como se
fossemos esperados, alguns guardas vieram, mas ninguém era o suficiente para
duas pessoas que não tinham nada a perder, eu só tinha que saber uma coisa, e
ao chegar a frente de meu pai lhe perguntei:
- Por que deixou isso acontecer?
Ele olhou e disse:
- Preparei vocês para governarem
o que estava construindo, você meu filho para ser líder e seu amigo para ser
seu braço direito, não esperava que iriam descobrir como vocês eram bons e
quando atacaram eles já era tarde de mais, esse é o problema de lidar com
pessoas ignorantes, agiram por impulso e quando fui ver a situação já havia se
descontrolado.
Todo meu mundo caiu, e não sabia
o que fazer, olhei para o lado e meu amigo olhou em meus olhos profundamente,
eu sabia o que fazer, não havia mais ninguém, não existia mais grupos e ali era
o fim, como um jogo que chega ao fim, dei as costas e parti, no dia seguinte
quando me apresentei frente ao monastério ouvi que meu pai havia morrido e que
meu amigo havia sido morto junto a ele sendo ele colocado como seu filho em um
assalto mal sucedido.