quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Conto 5 - Parte 4

Ele entrou se sentou e começou a falar:

- Não sei se está sabendo mais você está me devendo um grande favor!

- Eu? Por que estaria te devendo um favor? – Lhe perguntei

- Por que eu tenho te livrado de alguns problemas com a policia nestes meses, já que depois que você matou aquele primeiro diretor de teatro famoso a policia não sai do pé do meu morro, atrapalhando meus negócios.

Naquele momento fiquei preocupado, como ele sabia disto? E como ele iria querer cobrar o favor? Preocupado eu perguntei:

- Como posso retribuir este favor?

- Era o que eu estava esperando que perguntasse. Vamos fazer um acordo, você só vai matar as pessoas que eu mandar. – Ele me respondeu

Que papo era esse de matar pessoas? Eu não era nenhum tipo de assassino de aluguel barato e muito pelo contrario, eu era um artista, um palhaço sensacional que não matava ninguém, fazia show maravilhosos, fiquei enfurecidos e disse:

- Não sou matador de aluguel, você esta confundindo os filmes, eu sou um palhaço. Eu faço shows.

Ele sorriu e falou:

- Você é um sujeito e tanto, não importa como chame, eu te contrato para fazer seus show se você não trabalhar para mais ninguém, assim poderá se apresentar muito e não atrapalhará mais meus negócios, muito pelo contrario irá ajudar meu trabalho, está de acordo?

A melhor opção que eu tina era aceitar, já que eu sabia que negar pedidos dele era acabar em uma caixa e eu tinha muito talento para mostrar para o mundo. Aceitei o acordo com apenas uma condição, poderia andar de palhaço o dia todo na favela e só ele saberia quem sou e o que faço, ele concordou imediatamente e já me deu serviço. Estava completando dezesseis anos e já tinha um trabalho fixo fazendo o que mais amava, shows, quem consegue está realização pessoal tão cedo? Eu não conheço ninguém.

Tinha muito trabalho a fazer toda semana eram dois à três pessoas sem parar, isto era muito gratificante e como não gastava nada por me alimentar na casa de minha mãe guardava muito dinheiro para um dia poder sair dali e construir o meu próprio show, em um local cheio de pessoas, assim como os Trapalhões, talvez até ter um programa na televisão.

Minha vida estava quase perfeita, quando descobri o paraíso, chegou na cidade um circo, eu já estava quase dois anos trabalhando para o Dono da Favela, aquilo era pouco para o tamanho do meu talento. Eu precisava de um palco do tamanho do meu talento, enorme.

Fui ao circo para descobrir se poderia sair em viagem com eles e o “Dono do Circo” disse que eu poderia sem problemas algum, só me perguntou se eu era maior de dezoito anos, e se tinha familia, eu respondi que era sozinho no mundo a muito anos. Assim que ele disse que poderia me juntar, fui ao “Dono da Favela” contar que iria partir.

Chegando frente a frente com o “Dono da Favela”, lhe expliquei a situação e contei que estava de partida, esperava que ele fosse aceitar tudo tranquilamente, até por que depois de dois anos trabalhando para ele sem parar, fazendo mais shows do que o Elvis ele não tinha o direito de se enfurecer, mais ele se enfureceu dizendo:

- Você vai trabalhar para mim até o momento que eu desejar, você não tem escolha de ir embora no momento que desejar, vai morrer trabalhando aqui e para não esquecer quem sou...

Quando terminou de falar com um gesto mandou dois capangas me pegarem pelo braço e me levaram para um quarto e me mostraram o porque de obedecer, só que eu era persistente e tinha mais um show para fazer naquele lugar e aquele não só seria o melhor show como o mais demorado.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Conto 5 - Parte 3

Agora eu poderia ser ainda melhor iria aprender com os melhores, com professores, seria perfeito, eu pensava isso, mais foi a minha segunda decepção. Cheguei na secretaria falando que já era aluno e aparentemente a moça foi com a minha cara e eu não precisei mostrar nada, na aula falei que era um aluno novo e falei ter sido indicado pelo insensível e me aceitaram, pareciam todos legais, a primeira semana foi legal, ele mostrou algumas coisas que tínhamos que fazer, na segunda semana começou os problemas.

No primeiro dia da segunda semana o diretor pediu para que mostrássemos tudo o que havíamos aprendido na semana anterior, para que ele pudesse avaliar o nível teatral de cada um, toda vez que ia me apresentar ele cortava, foi quando fiquei na duvida, ele era ignorante ou estava com algum problema por que eu fui indicado pelo outro e com o desaparecimento do outro eles se irritaram, pois pareceu que ele fazia isso sempre, mais pareceu que ele não estava conseguindo ver o nível do meu trabalho.

Eu não sabia que aquela semana ainda fazia parte de uma seleção, mais era e no ultimo dia eles nos chamaram para uma entrevista em particular, se eu soubesse teria me preparado, mais era surpresa e quando entrei na sala e me sentei ele começou a dizer:

- Não gosto de dizer este tipo de coisa, mas quando nos submetemos a um tipo de avaliação somos avaliados e tenho que dizer que nós te avaliamos e decidimos que o seu lugar não é aqui, sei que entrou depois, por indicação, mas temos que dizer que lhe falta um pouco de talento e com esforço talvez consiga algo no futuro, mais por enquanto não está preparado.

Não disse nada, aceitei calado aquelas calunias, como alguém poderia dizer um abuso destes sobre minha pessoa, se falta talento em alguém é para eles e eu vou provar para cada um deles o quanto talento eu possuo.

Quando sai da sala pude ver alguns deles rindo do meu resultado, como se possuíssem talento, o único com talento ali era eu. Gravei o rosto de cada um deles e cada um pagaria por não reconhecer a minha magnitude e ficarem no meu caminho, querendo impedir o meu desenvolvimento.

Passei tres meses trabalhando se parar, todas as quintas, sextas e sábados eu fazia um show diferente cada semana para uma pessoa, as vezes eu fazia dois show na mesma semana, até que um dia o “Dono da Favela” em que eu morava apareceu em minha porta.

Fiquei um pouco preocupado com o que podia estar acontecendo, não queria problemas, mas uma coisa foi estranha ele bateu na porta e o costume ali era ele entrar onde desejasse. Eu estava no meio de um show, tive que ir atende-lo vestido de palhaço. Abri a porta e ele disse:

- Posso conversar particularmente com você?

Não podia negar sua entrada, pois aquilo poderia me gerar empecilhos no futuro, então permiti que entrasse.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Conto 5 - Parte 2

Comecei com toda a empolgação, pelo menos era o que eu tinha pensado. Tinha que passar por um teste inicial, como um espécie de vestibular que iriam verificar se eu tinha talento ou não.

Subi no palco confiante, já sabia o que iria fazer, algumas atuações Alá Trapalhões seria a melhor apresentação que eles viriam em suas vidas, comecei com algumas cambalhotas e acrobacias quando escutei:

- pode parar, obrigado e entramos em contato.

Não tinha feito nem a metade do que havia preparado, meu talento realmente era esplêndido que nem mesmo eu percebia, olhei para os outros candidatos e eles estavam rindo e era de mim, sabia que era magnífico, mas não sabia que era tanto assim.

Fui pegar informações de quando iria começar e eles disseram que em uma semana iriam ligar dando todos os dados ou que receberíamos uma carta com todas as informações. Passei a semana inteira em casa ao lado do telefone, já que carta não chegaria ali e não aconteceu nada, mal estava saindo para comer e o telefone não tocou, aquela maldita mulher havia me enganado, isso não podia ficar assim, ela não podia ser um problema entre eu e o meu futuro brilhante, esperei ela sair do trabalho, fui seguindo-a até sua casa enquanto analisava o melhor a ser feito naquela situação, deixei o dia passar e no outro dia ela estava presa no meu barraco para responder algumas perguntas sobre o que havia acontecido.

Coloquei ela sentada em uma cadeira totalmente presa e taquei água para que ela acordasse, já que para levá-la até ali tive que entrar em sua casa e quando ela chegou a desmaiei com uma pancada na cabeça. Na primeira vez que ela acordou estava histérica e eu fui obrigado a desmaiá-la novamente, na segunda vez como modo de evitar histerias desnecessárias a amordacei e lhe avisei que se ela gritasse seria obrigado a espancá-la para que ela não o fizesse mais. Assim que as coisas se acalmaram e com um copo de água e um canudo deixei que ela bebesse um pouco de água com açúcar lhe disse:

- Por que mentiu para mim?

Olhando-me com uma feição sinistra de espanto respondeu:

- Eu não sei nem quem você é, como pode dizer que eu menti para você?

- Sua vagabunda como diz que não sabe quem eu sou? Eu fui lá perguntar sobre o dia que iam me chamar para as aulas de teatro e você disse que era em uma semana e ninguém me ligou.

Ela começou a chorar e disse:

- Eu sou apenas a secretaria, se eu não te liguei foi por que você não passou nos teste.

Como eu podia não ter passado? Ela só podia estar errada, por se tão mentirosa eu a degolei e deixei seu sangue escorrendo para que ela nunca mais fosse mentirosa com nenhuma outra pessoa. Fui direto aquela pessoa que tinha me selecionado, quando falasse com ele explicaria o equivoco da mentirosa e tudo se resolveria, até mesmo por que por que era o cumulo, todos me acharam fantástico e eu era muito, tinha que resolver o problema que aquela mal educada insignificante havia cometido.

Passei dois dias perseguindo o imbecil que disse que entraria em contato para analisar toda a situação, e depois fui falar com ele, dizer que havia ocorrido um engano e que foi culpa da secretaria, mas sua resposta foi terrível, ele me disse:

- Ela não cometeu enganos, se não foi chamado foi por que não possui talento algum.

Ninguém me tratava daquele jeito, como ele podia dizer que eu não possuía talento, ele era um invejoso que não consegui suportar o talento dos outros, insignificante, safado e ignorante, ele estava pensando o que? Ninguém ia ficar entre eu e o palco, nasci para brilhar e iria mostrar isso para ele, já havia acompanhado seus passos, eu sabia que toda noite ele saia e voltada com alguma daquelas meninas que eu tinha visto nos testes, minha memória era igual a de uma maquina não esquecia um rosto, ele sempre dormia acompanhado, era como se soubesse que na calada da noite alguém iria aparecer para acabar com aquela sua atitude medíocre de ser empecilho para os talentosos. Passei mais dois dias analisando a situação.

No terceiro dia da analise achei melhor entrar em sua casa e esperá-lo, passei o dia me deleitando com suas coisas até que a madrugada chegou e com ela, ele que mais uma vez estava acompanhado, tinha que esperar o momento certo para que não causasse muito problema para minha pessoa, deixe que ele transasse para que ficasse mais calmo antes de conversarmos e quando terminaram ela seguiu para o banho, enquanto ela se limpava eu de dentro de seu armário percebi que estava quase dormindo, sai lentamente me aproximei e com um pedaço de madeira que estava carregando comigo o fiz dormir de vez, com a moça tive que tomar um pouco mais de cuidado, até por que pensei que ela deitaria para dormir com ele depois de tomar banho, mas ela não fez, começou a se vestir para ir embora, até ai tudo bem meus problemas não eram com ela, mas ela teve a grande idéia de se aproximar dele para se despedir, foi quando ela viu o sangue, tive que desmaiá-la, por que ela começou a gritar e eu não gosto de escândalos, mais fraquinha, com uma pancada desmaiei a esguia e a prendi ali mesmo e o levei para meu barraco, mais antes de me apresentar para ele precisava me arrumar, peguei suas chaves e fui até o teatro.

No teatro tinha muito o que pegar, roupas, maquiagem, entre outras coisas, depois de pegar tudo voltei para o barraco, onde ele ainda estava desacordado, me arrumei, fiz minha maquiagem, coloquei a peruca e fui mostrar para ele o quanto eu era engraçado. Foi neste momento em que eu resolvi qual seria o meu nome artístico, Bibi, o barulho ensurdecedor e divertido da buzina.

Comecei a apresentação falando meu nome e depois fazendo algumas piruetas, ele fingia que não me via, começou a baixar a sua cabeça para não ver meu espetáculo, aquilo era um ultraje, fui à geladeira peguei um super-bonder e passei em sua cabeça na parte de trás e o pressionei contra a cadeira deixei com uma faixa alguns segundos para a cola segurar depois a tirei, quando a cola secou e voltei para o espetáculo, como ele não tinha visto o começo recomecei o espetáculo, achei que ele não faltaria mais com respeito, eu pensei isso, mas ele começou a me ofender verbalmente, tava começando a me incomodar, fui a cozinha, esquentei uma faca para ajudar na cauterização, e peguei a faca de cortar carne, esse tipo de coisa era de qualidade em casa, pois meu pai era açougueiro, fui até a sala onde ele estava e pedi para ele abri a boca, quando não fez usei alguns alicates e travei sua boca, puxei sua língua e com a tesoura a cortei, e depois encostei a faca para não sangrar, agora ele poderia ver o show educadamente.

Voltei para minha apresentação, acreditando que agora não seria mais interrompido por ele, mais o maldito mal educado fechou seus olhos se recusando a ver meu show, aquilo era o cumulo puxei sua pálpebra com o alicate de bico fino e aproveitei a faca ainda quente parei cortá-las, depois disto achei que poderia fazer o show calmamente, mais o insensível desmaiou.

Deixei descansar por um tempo e depois o acordei e fiz meu show, ele pareceu gostar Do show, em alguns momentos eu até o vi sorrindo das minhas piadas, mais pude ver que se continha um pouco, antes de cortar sua garganta o fiz assinar uma carta de próprio punho aprovando a minha entrada na escola de teatro.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Conto 5 - Parte 1

Meu nome é João da Silva, não tinha nome pior para minha mãe colocar em mim, mais eu resolvi este problema, todos me chamam de BiBi, e sim todos me chamam assim, mas me chamam assim por que eu sou um palhaço.

Nasci na favela da rocinha, não tinha muitas oportunidades na vida, mais não queria muitas coisas, já dês do momento em que nasci eu sabia, eu sempre soube qual era o meu destino, queria mesmo era ser um palhaço.

Eu era um pequeno ser quando comecei a andar e já via no rosto das pessoas que elas estavam sentindo a comedia transbordando de meu corpo, a cada ato meu era uma diversão para todos, quando cresci um pouco mais comecei a fazer algumas palhaçadas na rua para ver se conseguia algum dinheiro, qualquer tipo de trabalho ali servia, eu devia ter uns cinco anos, mais mesmo saindo todos os dias não estava adiantando muito, percebendo o erro fazer malabarismos no farol e percebi que as pessoas ficaram alegres e me pagaram bem, em sua grande maioria, decidi que era realmente o melhor a fazer.

Só existia um problema, era preciso mais do que aquilo para seguir uma carreira. Eu ficava assistindo a televisão vendo um programa chamado “Os Trapalhões”, eles eram tudo o que eu queria ser, mais eram um grupo de quatro pessoas e eu era só, agora o que fazer? Mas eu sempre tive a certeza que eu poderia ser mais engraçado do que eles, tinha sete anos e sabia que era o mais engraçado do mundo.

Ficava o tempo todo imitando eles na frente da televisão até completar meus quinze anos, tinha todos os episódios gravados em fita cassete, tinha todos os filmes deles, agora estava na hora de encontrar um local que me ensinaria a ser melhor do que já era, as escolas convencionais não poderiam me ensinar nada, eu estava com quinze anos e estava na 6ª serie, não que eu fosse analfabeto ou burro, eu não ia para escola aprender, eu ia para escola para me apresentar, mas acabava na diretoria, por isso larguei e escola. Neste momento deve estar se perguntando: “E a família deste ser?”. Meu pai batia em minha mãe, mais ela sempre dizia que o amava e parecia sempre feliz, mesmo quando estava apanhando, até o dia que ele quebrou sua costela e ela foi pedir ajuda para meu tio que sempre a defendia, depois ela acabou expulsando meu pai que nunca mais apareceu, uns dois anos passaram e ela acabou se casando com o meu tio, com quem ela já estava morando, não tiveram filhos por que minha mãe perdeu o útero quando deu a luz a mim, algo pelo qual ela me culpava e quando ficava com raiva me batia, por causa disso meu tio acabava tendo filhos com outras mulheres que iam a casa deles para cobrar pensão, coisa que para minha mãe era um estorvo e ela acabava batendo nele no tempo que ele ficava em casa, já que a maior parte do tempo ele passava trabalhando para sustentar as pensões e e minha mãe, eu como não existia no meu desta confusão fui para casa de meu pai onde conseguia ficar sossegado, o que eu estranhava em tudo isso é que não me importava nada com toda aquela telenovela que eu via acontecendo ali, mais uma coisa eu aprendi com toda aquela confusão, eu sabia quando as pessoas estavam felizes, elas olhavam para mim e ficavam felizes, igual ao palhaço Bozo, que era outro programa que eu havia usado para me inspirar.

Agora voltando estava eu com quinze anos e precisava aprender a ser o melhor palhaço do mundo, para isto precisava de dinheiro, era o que eu pensava, em todos os lugares que procurava não via a escola de palhaços especificamente, comecei a achar que não existia este tipo de escola quando encontrei algo que poderia ser de grande ajuda, a escola de teatro, no Rio de Janeiro ela era muito conceituada e todos os atores da Rede de Televisão dos Trapalhões faziam aquela escola, era a minha chance de começar de algum jeito.

Quando surgiu o primeiro empecilho para ingressar na escola de teatro eu precisava ter dezoito anos ou mais e eu não tinha tempo para ficar esperando. Voltei para favela com o dinheiro que tinha e comprei uma identidade que dizia que eu possuía dezoito anos, estava pronto para começar na escola de teatro.