Parte 1
Escutei barulho de animais
selvagens a minha volta, olhei assustado para ver o que poderia ser, parecia
que estava dormindo, quando percebi que não sabia onde eu estava, olhei tudo em
volta para ver se recordava de alguma coisa, mas estava escuro de mais e não
conseguia ver nada, fechei meus olhos, respirei profundamente e os abri
novamente, minha visão se tornou um pouco melhor e estava começando a
distinguir uma coisa da outra, via arvores que pareciam negras como a noite,
nada fazia muito sentido, quando a diante vi o que parecia ser uma carruagem,
andei cuidadosamente até ela.
Os dois cavalos que a puxavam
pareciam ter sido atingidos por alguma coisa, como se tivessem sidos atacados
para que fossem ao chão, a situação ficava mais estranha, abri a carruagem para
ver se ainda haveria alguma pessoa machucada ou ferida e nada estava vazia, não
tinha nenhum cocheiro, mas dependendo do como foi a queda provavelmente ele
teria sido arremessado, poderia talvez ser eu cocheiro desta carruagem, mas
minhas roupas não se pareciam com a de um cocheiro, não haviam malas nem
pertences algum na carruagem, o que tornava tudo ainda mais estranhos, alguns
barulhos da noite ainda estavam a me rondar, provavelmente algum animal faminto
havia sentido o cheio de morte ao lado dos cavalos, ficar ali perto não era
seguro, mas para onde ir se nem ao menos eu sabia quem era.
Passei a andar, tinha que me
afastar daquele lugar, talvez encontrar uma estrada que pudesse seguir para ver
onde acabaria dado, precisava ao menos encontrar um lugar seguro para tentar
dormir um pouco ou ao menos recuperar um pouco da energia, estava andando
quando senti uma dor leve na cabeça, coloquei a mão e senti uma humidade, ao
olhar minha mão estava repleta de sague, provavelmente era isso que havia
causado esse esquecimento, mais como com um machucado aberto ainda estava
pensando e andando normalmente, tinha que continuar, me sentia sendo perseguido
por algo.
Foi quando avistei uma pequena
luz ao fundo das arvores, poderia ser um abrigo, ou uma cabana que houvesse
alguma pessoa que pudesse me dar um apoio, mas a minha visão começou a ficar
embasada e minhas pernas bamba e só pude perceber meu corpo indo ao chão.
Parte 2
Achei que tinha morrido, mas ao
abri os olhos, estava deitado em uma pequena cabana com uma senhora ao meu
lado, ela sorriu quando me viu e me disse:
- Olá, meu filho encontrou você
ferido na estrada, foi por muito pouco que você não era comido por um animal
selvagem.
- Agradeço muito por terem me
ajudado, eu não sei o que estou fazendo aqui, acredito que eu sofri um acidente
com meus cavalos e acabei batendo a cabeça e algumas coisas não estão muito
claras neste instante. Eu disse a ela.
Ela me olhou um pouco espantada e
me disse:
- Há muito tempo que minha
família é guardiã desta floresta, poucos homens entram nela e saem com vida,
existem muitos perigos nela.
Aquelas palavras pareciam
estranhas, mas quando perguntei o motivo daquelas palavras ela mudou de assunto
e disse que eu necessitava comer e saiu para me buscar uma sopa, eu estava
muito fraco, provavelmente a pancada me fez assim, eu não conseguia fazer
muitos movimentos e esperei que a senhora me trouxesse comida, ela parecia
muito confiável.
Depois de alguns minutos, após eu
me alimentar escutei alguns barulhos, parecia ser o filho que havia me salvado,
mas o barulho parecia ser de mais do que uma só pessoa, até que um jovem entrou
pela minha porta e me disse:
- Como está se sentindo?
- Não muito bem ainda, mas
agradeço a ajuda. Lhe respondi.
Ele não disse mais nada e saiu
pela porta, comecei a escutar algumas vozes e no meio de algumas delas pude
escutar alguém dizendo:
- Ele não pode ficar aqui,
precisamos tira-lo o mais rápido possível da floresta e leva-lo para outro
lugar, se chegaram tão próximo de nossa casa para conseguir pega-lo é por que
ele deve conter uma energia muito forte que o faz um atrativo para eles,
precisamos leva-lo daqui urgentemente.
Então lá no fundo eu escutei a
voz da senhora dizendo:
- Estamos com um problema ainda
maior, apagaram a memoria dele, foi muita sorte ele ter seguido o caminho da
nossa casa e não o oposto.
Juntei as forças e me levantei,
tentei andar até a porta mais minhas pernas não responderam e fui ao chão
causando um barulho que chamou a atenção deles, fazendo-os vir até mim, abriram
a porta e tinha cinco homens, a senhora entrou e disse:
- Tudo bem com o senhor?
- Esta tudo bem só queria andar
um pouco, lhe respondi.
Ela balançou a cabeça e disse:
- Esses são meus filhos, somos a
família Dalian, a muito protegemos a floresta, meu nome é Maria, com a graça do
Senhor?
- Sou..., parei por alguns
segundos e não sabia o que responder.
Todos ficaram me olhando
preocupados, mas a senhora quebrou o gelo dizendo:
- Fique aqui por um tempo até
melhorar, meus filhos cuidaram de tudo, assim que melhorar ajudaremos a chegar
a algum lugar que o ajude a lembrar de seu nome.
Parte 3
Depois de dois dias recebendo
sopa e escutando pouco barulho, como se estivesse apenas eu e a Senhora na casa
consegui me levantar e andar um pouco, de ficar deitado pude perceber que
haviam símbolos estranhos nas paredes e janelas, símbolos que não me viam a
cabeça, mas do jeito que minha mente estava não era de se estranhar.
Ao chegar à cozinha onde a
senhora estava ela de costas me disse:
- Ainda bem que já esta
conseguindo andar conseguiu lembrar-se de alguma coisa.
Não tinha muito o que responder,
ainda não havia lembrado de nada, quando uma palavra veio a minha cabeça:
“Lorenzo”, como se fosse um nome, como se fosse o meu nome, então eu lhe disse:
- Não sei com muita certeza, mas
acredito que meu nome seja Lorenzo.
Novamente ela sorriu e disse:
- As coisas podem demorar um
pouco para voltar, só tome cuidado se sair da casa para não ir muito longe.
Depois continuou o que estava
fazendo, ainda não estava muito forte para sair da casa, mas estava desesperado
para sair, tinha que encontrar um jeito de lembrar das coisas que não estava
conseguindo lembrar, tinha que sair dali e voltar para minha vida, mas meu
corpo não estava ajudando, sentei e fiquei vendo o que a senhora estava
fazendo, comecei a perceber que aqueles símbolos que estavam no quarto estavam
pela casa toda, tomei um pouco de coragem e perguntei:
- Que símbolos são esses?
- São a nossa proteção, os bichos
que vivem na floresta se afastam perto desses símbolos. Ela respondeu sem
mover-se.
Fiquei prestando atenção naquilo,
eram estranhos, mais poucos, eles se repetiam em todos os lugares da casa, cada
lugar da casa tinha aquela sequencia de símbolos, como coisas escritas na
parede dentro da sala, do quarto, da cozinha faria com que bichos não entrassem
na casa, eu podia estar sem memoria, mais não era burro a ponto de engolir uma
coisa daquela, resolvi dar uma volta pela casa para ver o que aconteceria.
Parte 4
Abri a porta e não podia ver
ninguém à volta, olhei a casa, e novamente estavam os símbolos, escutei uma
voz, estava distante olhei para floresta e parecia ver uma pessoa, dentro da
mata podia ver uma demarcação, como se estivesse protegendo a casa, mais não
tinha nenhuma cerca, somente algumas marcas nas arvores e alguns objetos
estranhos, mas atrás de tudo isso um senhor que me chamava, dizendo:
- Venha até aqui, preciso lhe
mostra uma coisa.
Por mais absurdas que pareciam
aquelas palavras eram como se ordenassem meu corpo a fazer alguma coisa, eu me
sentia atraído por aquelas palavras, meu corpo que mal estava conseguindo andar
dentro da casa, ali fluía como se nunca tivesse sido machucado, como se não
estivesse fraco, como se nada houvesse acontecido.
Andei até o ultimo símbolo, até o
que deveria se a ultima barreira quando ao fundo comecei a escutar a voz da
senhora, não conseguia entender uma palavra do que ela estava dizendo, mais o
senhor que estava a minha frente se ajoelhou, começou a se contorcer como se
aquelas palavras estivesse causando um grande sofrimento a ele, algo absurdo e
inacreditável, mas as palavras o maltratavam, o feriram, era muito estranho,
quando uma grande lança passou ao meu lado em direção à senhora, só pude
escutar uma voz gritando:
- Mãe cuidado.
As palavras pararam, nenhum outro
grito escutei, meu corpo estava paralisado, o velho se levantou, começou
novamente a me chamar quando uma flecha atravessou a sua cabeça, e um dos
filhos da Senhora me pegou, me puxando para dentro da casa novamente, enquanto
era puxado pude escutar:
- Não adianta lutar Dalians, não
são mais tantos, não são poderosos e em algum momento não serão mais o
suficiente para nos manter nessa floresta, iremos pega-lo, e esse humano é
nosso.
As vozes se calaram, eles estavam
todos ali, me protegendo, se protegendo, a senhora havia evitado a grande
lança, como eu não sei, nunca pensei que aquela senhora conseguiria escapar
daquilo, naquela velocidade, mas meu coração não palpitava a mais, como se não
me incomodasse o que tinha acabado de presenciar, parecia normal.
Naquele instante eu precisava de
algumas explicações, mesmo sem saber quem sou, sem entender o que estava
acontecendo, era a minha pessoa que estava em perigo, foi atrás de mim que
vieram, eu precisava entender o porquê, então perguntei:
- O que foi aquilo? Quem era
aquele homem? O que ele queria comigo?
Todos se calaram.
Parte 5
Um tempo calados, algumas poucas
trocas de olhares, e a senhora resolveu falar e começou dizendo:
- A historia é muito longa, faz
muito tempo que eu não conto essa historia, mas, eu tinha uma família tranquila
que vivia na fazenda, ainda era muito pequena quando um de meus tios tinha se
tornado pastor e veio construir uma capela em nossa fazendo, tudo parecia
normal até que um dia um novilho desapareceu, meu pai não sabia o que fazer,
começou a procurar em todas as partes, não encontrou, todos os empregados da
fazenda seguiram atrás e nada, neste meio tempo uma de nossas antigas escravas,
que diziam ser a curandeira da antiga tribo vivia dizendo a meu pai que a
energia emanada por meu tio não era nada boa, que ele não era o que dizia ser,
mais ninguém lhe dava ouvido, até que sem mais ter onde procurar meu pai foi a
capela que estava com a porta trancada, meu pai bateu, bateu, e ninguém
atendeu, nesse instante a senhora Zilcania, esse era o nome da empregada,
apareceu e disse: “Senhor ele está com o novilho, ele irá sacrifica-lo, meu pai
não queria acreditar, mas ele tinha que descobrir arrombou a porta, entrou e lá
estava meu tio com um manto negro, em volto a varias pessoas, a varias sombras
e muitas coisas que não seria possível explicar, na frente deles estava o
novilho e minha irmã mais nova, um bebe com menos de um ano, meu pai entrou em
pânico, tentou ataca-los, mas quando meu tio se virou não era mais ele, nesse
instante a empregada entrou com diversas coisas estranhas na mão, falando
palavras que ninguém entendia, meu tio se ajoelhou perante ela, mais ele não
era o único ali, os outros começaram a atacar, meu pai a pegou saiu e tentou
trancar a porta, mas outras pessoas fora daquela capela estavam iguais a eles,
virou um campo de batalha, meu pai era um grande guerreiro e começou a defender
todos com a ajuda de Zilcania, que com muito esforço ajudou a prende-los
naquele espaço, nossa fazenda e a nossa casa ficaram sobre um ritual preparada
por ela, que ensinou a nossa família a como proteger o lugar, transformamos a
fazenda em uma floresta, passamos dividimos nossa família em grupos, estudamos
o máximo que pudemos, mandamos os mais novos para fora onde uma pessoa de nossa
família faz estudos sobre essas criaturas, montamos grupos divididos na
floresta para que eles não saiam, o problema é que de tempos em tempos eles
acabam se libertando para caçar, eles precisam de pessoas para se alimentar da
energia já que não conseguem sair, alguns que estão fora tentam entrar, alguns
que estão dentro tentam sair, um tenta ajudar o outro e nosso trabalho se
tornou impedir que isso aconteça, até que descubramos um jeito de acabar de vez
com eles, estamos espalhados pelo mundo, muitos de nós estudam outras culturas
e novos métodos, já tentamos muitas coisas e tudo acaba igual, ficam fracos e
não mortos, acreditamos que tentam algo maior, e com o tempo descobrimos que pessoas
diferentes possuem forças diferentes e quanto mais energia uma pessoa tem mais
força da para eles.
Tudo era muito estranho mais
depois do que tinha visto e ouvido não era tão difícil de acreditar, pedi
alguns minutos para assimilar toda aquela historia, fui ao meu quarto e passei
um tempo pensado, me levantei e lhes pedi:
- Como fazemos para que me levem
para fora daqui.
Todos sorriram e a senhora disse:
- Minhas crianças cuidarão disso,
só nós de um tempo para que comuniquemos todos os grupos para que não tenhamos
problemas no caminho, eles estão fortes de mais este ano.
Concordei com a cabeça e voltei
para o quarto para descansar um pouco.
Parte 6
Alguns dias se passaram já não
estava mais aguentando esperar, até que a senhora chegou e me disse:
- Estamos prontos, os mensageiros
já se foram e já voltaram, cada equipe está preparada, agora é a hora, vamos.
Saímos andando, achei que teriam
cavalos e possivelmente carroças, mas não, íamos andando, todos os filhos da
senhora estavam a minha volta e junto deles havia mais uma pessoa que eu ainda
não tinha visto, um homem mais velhos com algumas cicatrizes estranhas pelo
corpo estava guiando o grupo.
Começamos a andar pela floresta e
era obvio que estávamos sendo seguidos, muito barulho a nossa volta, alguns
deles não parava de recitar palavras que nunca iria entender, quando uma voz
saiu da mata dizendo:
- Você acha que esse grupo é o
suficiente para me deter Marcos Dalian, você não sabem o quando estamos
determinados a conseguir este espécime.
Risos começaram a ser escutados
em vários pontos a nossa volta em e um grupo de humanos começou a aparecer nos
cercando, não pareciam nem um pouco diferente de qualquer outra pessoa, mas
para eles eram e começaram a ataca-los, mais não pareciam ser fortes o
suficiente para vencer aquele grupo, até que um deles fez um movimento me
jogando para longe do grupo que estava sendo distraído por aquelas pessoas.
Marcos ao ver que havia sido
jogado para longe correu em minha direção, mas a sua frente apareceu aquele
homem que havia ido a casa no outro dia, Marcos jogou um pequeno papel nele e
começou a recitar aquelas palavras estranhas quando um outro homem apareceu atrás
dele empunhando uma espada, estava pronto para gritar quando minha voz se
calou, não conseguia avisa-lo, estava paralisado, ele conseguiu perceber a
minha reação, mais não conseguiu evitar completamente o golpe sendo levado ao
chão com um ferimento grave e eu acabei sendo arrastado por um tempo na
floresta até que desmaiei.
Parte 7
Escutei alguns barulhos estranhos,
abri os olhos, olhei para os lados e nada via, somente uma luz muito distante,
não sabia onde estava, não sabia o que estava acontecendo, não sabia o que
deveria fazer e muito menos como havia chego ali, não sabia nem mesmo que eu
era.
Levantei e comecei a andar em
direção a luz que estava vendo, provavelmente estava indo ou vindo daquele
lugar precisava chegar lá até mesmo para que pudesse pedir algum tipo de ajuda,
conforme estava andando sentia dentro de mim uma sensação de que estava fazendo
algo errado, que aquele caminho que estava seguindo não era o certo e que não
deveria ir por ali, mas ao mesmo tempo alguma coisa me fazia andar naquela
direção como se soubesse que deveria chegar naquele lugar, conforme fui andando
pude avistar uma pequena capela o que me deu uma sensação de que deveria me aproximar,
ali talvez alguém pudesse me ajudar a entender o que estava acontecendo comigo,
por que estava caído ali naquele lugar e principalmente por que não conseguia
lembrar de nada.
Ao chegar ficar mais próximo podia
sentir uma energia muito forte empurrando meu corpo para longe daquele lugar
como se houvesse uma barreira que não deixasse que eu me aproximasse daquele
lugar, até que um senhor apareceu e foi ficando fácil me aproximar, ele então
me disse:
- Filho você está aqui, procuramos
você pela noite toda e não o encontramos, o que estava acontecendo?
- Desculpe mais não me lembro do
senhor. Respondi imediatamente.
Olhou-me estranhamente e
continuou:
- Ontem você ia sair para buscar
comida, tinha ido caçar quando anoiteceu e não voltou, ficamos muito
preocupados e saímos a sua procura, não conseguimos encontra-lo e acabamos
vindo para capela para pedir que aparecesse.
Algo naquelas palavras não
condiziam, mais ele imediatamente se aproximou e começou a me levar a uma pequena
casa, dizendo que provavelmente teria acontecido alguma coisa que eu precisava
descansar um pouco e depois alguém iria me examinar para ver o que poderia ter
acontecido.
Parte 8
Após descansar um pouco acordei e
a beira de minha cama estava uma bela mulher, que ao perceber que havia
acordado disse:
- Ainda bem que acordou meu amor,
seu pai disse que não está se recordando de muitas coisas, desde que fiquei sabendo
que chegou aqui não sai de seu lado para ver se acordava e se lembrava de mim.
Olhei em seus olhos, olhei para
seu rosto e nada me vinha a cabeça, realmente parecia não conhecer aquela
pessoa, mas parecia que ela me conhecia, então lhe disse:
- Desculpe, mas deve ter
acontecido alguma coisa comigo enquanto estive na mata que não consigo me
lembrar de nada.
Ela se aproximou de mim, segurou
minha mão e disse:
- Não se preocupe logo você se
lembrará de tudo, voltarei com algo para comer.
Ela saiu e aquele senhor voltou
novamente com uma senhora e mais uma senhora, pareciam preocupados então o
senhor disse:
- Filho este é o medico que ira
te examinar para ver se alguma coisa aconteceu para você perder a memoria desse
jeito.
Estavam todos sendo muito
atenciosos comigo, o homem então me examinou e encontrou um machucado em minha
cabeça dizendo:
- Provavelmente durante a caçada
você bateu a cabeça de alguma forma, sem que se lembre, será difícil definir o
que aconteceu exatamente, mas podemos dizer que provavelmente encontrou um urso
ou algum outro animal grande que deve ter lhe enfrentado disputando a caça, já
que estava sem o seu arco, é possível que tenha te atacado para pegar a caça e
acabou ferindo sua cabeça causando esse esquecimento.
A mulher demonstrou muita afeição
e então todos saíram quando a bela moça voltou com uma sopa, não entendia o que
estava acontecendo, mas por mais que não parecesse familiar pareciam me
conhecer e se preocuparem comigo, provavelmente iria me lembrar, assim que
ficasse um pouco mais de tempo ali.
Meu corpo parecia estar fraco,
como se minha energia estivesse sendo sugada, mas devido ao que eu poderia ter
passado para estar nessa situação provavelmente o que estava sentindo era
normal, mas não estava aguentando me manter acordado, como se meu corpo
estivesse precisando recuperar uma energia que eu não me lembrava de ter gasto,
tudo bem que depois que me alimentei muitas pessoas vieram me ver, eram todos muitos
calorosos e aparentemente muito preocupados com as minhas condições de saúde,
mas mesmo assim sentia uma sensação de incomodo com tudo aquilo, como se algo
dentro de mim não estivesse muito certo, mas quando olhava aquela mulher me
olhando parecia que estava seguro, como se ela estivesse me transmitindo uma
tranquilidade, então resolvi dormir um pouco novamente.
Parte 9
Estava tentando dormir quando
imagens estranhas começaram a aparecer em minha mente, eu estava em um quarto
repleto de símbolos que eu nunca havia visto, aquilo estava me perturbando e eu
não conseguia acordar, vi uma casa cercada por aquela sequencia de símbolos que
eu nunca tinha visto.
Acordei vomitando a sopa que
acabara de tomar, como se meu corpo estivesse expelindo aquela sopa,
rejeitando-a, não estava me sentindo bem, parecia que havia acordado ainda mais
fraco do que antes, mais ao olhar aquela bela dama ao pé de minha cama a cuidar
de mim, me acalmou e fez com que eu dormisse novamente, seu olhar era como um
sedativo muito forte.
Quanto mais dormia mais eu
sonhava com aqueles símbolos, cada vez que acordava me sentia mais fraco, mais vulnerável,
e todas as vezes que acordava eu voltava a dormir cada vez mais rápido ao olhar
para bela dama, algo não estava fazendo sentido minhas lembranças estavam
querendo me acordar e me dar uma indicação, mas aquela situação me fazia dormir
e ficar fraco, um incomodo me abatia, e eu tinha que fazer alguma coisa, não
sabia o que estava acontecendo, mais tinha que resolver.
Acordei, tentei me manter
acordado o máximo que pude e pedi para que aquela bela mulher fosse buscar um
copo de agua para mim, quando ela saiu mordi a ponta do dedo e com o sangue que
saia desenhei aqueles símbolos na porta, fiquei esperando ela chegar e ela não
aparecia, desenhei os símbolos nas janelas no chão e subindo na cama no teto,
após fazer os desenhos em todos os lugares era como se minha energia começasse
a voltar eu começava a me sentir forte novamente, estranhamente eu sentia como
se soubesse o que estava fazendo, mas não sabia, algum tempo depois ouvi
batidas na porta, disse que que entrassem que estava muito fraco para me
levantar e então disseram:
- Acho que a porta imperou quando
sai do seu quarto, por que não estou conseguindo abri-la por fora, tenta fazer
uma força e vir abrir.
- Vou tentar. Respondi.
Não sabia se aqueles símbolos iriam
me proteger somente se as portas estivessem fechada como um selante de porta,
ou se poderiam me proteger mesmo eu abrindo a porta, não sabia o que era melhor
a ser feito, cobri os símbolos que havia pintado nas janelas coloquei o tapete nos símbolos que havia feito no
chão, só os que estavam atrás da porta e do teto que não teriam muito o que
fazer, mas eu ia abri a porta, tinha que ver o que estava acontecendo, eu
estava ficando louco paranoico por não lembrar de nada e isso estava me fazendo
desconfiar de todos a minha volta, tinha que descobrir.
Abri a porta e deixei com que ela
entrasse, mas ao dar o primeiro passo, ao pisar no tapete ela ficou parada, não
mais andou, olhou para o teto e seus olhos ficaram completamente pretos, não
sabia o que aquilo significava, então ela disse:
- Meu amor o que você esta
fazendo.
Vi que o velho tinha percebido
que ela não se movimentada, fechei a porta o mais rápido possível e ali ela
ficou parada, como se aqueles símbolos a impedissem de andar, como se fossem
uma espécie de prisão, não entendia aquilo, mas ela não estava impedida de
falar, então começou dizendo:
- Você está confuso, esse ataque
deixou você com problemas, como não confia em mim, sou sua mulher, vivemos há
muito tempo nesse lugar, lembre quando éramos crianças que brincávamos juntos, corríamos
na floresta, você queria ser guerreiro, seu pai queria que fosse um burocrata,
mas nos brincávamos de caçadores.
Aquelas palavras me pareciam
reais como se tivesse vivido aquilo, então lhe disse:
- Venha sente-se aqui ao meu lado
para me ajudar a lembrar de mais coisas.
- Não vou ficar aqui, para que
possa me ver e ajudar sua mente a funcionar melhor. Ela me respondeu
imediatamente, sem pensar.
Eu sabia que ela não estava
podendo se mexer, que aquelas palavras eram enganosas, no fundo eu sabia isso,
mas suas palavras pareciam tão deliciosas, seu corpo parecia tão tentador que
estava prestes a sucumbir quando um gosto terrível veio a minha boca, senti o
gosto de uma sopa que não lembrava de ter tomado, não era aquela que haviam me
servido aqui, tinha uma familiaridade, um lugar, com os símbolos algo que me
recordava o motivo de estar ali e de não poder confiar nela, então uma
lembrança me veio a cabeça, um velho que e uma criança que provavelmente era
eu, um machucado e um símbolo sagrado, retirei a minha blusa e havia uma
cicatriz em meu corpo, comecei a apertar e senti algum tipo de metal, então
escutei umas palavras em minha mente:
- Sua fé verdadeira irá te
salvar.
Aquilo não queria me dizer muita
coisa, mas peguei a colher que estava ali junto à sopa que havia tomado e
enfiei em meu corpo para retirar aquele pedaço de metal que eu podia sentir,
depois de um grande sacrifício consegui retirar, um pequeno pedaço de ferro com
um homem, como ele estivesse crucificado, ai uma outra imagem veio a minha
cabeça do mesmo senhor dizendo:
- Não importa no que acredita a
sua fé sempre te salvará quando menos puder ver.
O que aquilo estava me mostrando
eu não sabia, mais iria descobrir.
Parte Final
Tudo aquilo era muito confuso, e
agora eu estava ferido, ao ver o pequeno objeto ela começou a gritar, pedindo
ajuda aos outros dizendo que eu estava lembrando de muitas coisas, não entendia
o que ela estava falando, mas encostei o crucifixo em sua testa e ela
ajoelhou-se em meus pés sem conseguir gritar, vendo o poder do objeto disse:
- Pelo poder daquilo que me
protege e naquilo que acredito peço que não mais queira prejudicar a minha
pessoa e nem as outras e que aqui entregue-se por sua maldade.
Não entendia o que estava dizendo
nem sabia o porquê estava dizendo, mas senti que era o necessário, assim como
foi, o corpo da criatura uma energia estranha começou a emanar e sair, deixando
a moça caída a meus pés inconsciente, não sabia o que aquilo queria dizer, mas
fiz um curativo em meu corpo com o que estava saindo de meu sangue desenhei em
meu corpo os símbolos, e abri a porta, haviam vários deles a minha espera,
tentei lembrar o que significava realmente aquele símbolo para mim e uma oração
veio a minha mente, comecei a recita-la repetidamente e a andar, conforme
andava eles se afastavam, até que sai da casa e havia muitos deles.
Pareciam prontos para me pegar
estavam preparados para me matar, até que um deles veio correndo em minha
direção com uma espada, respirei fundo e não parei de recitar a oração, sabia
que era disso que aquele homem que havia visto em minha lembrança de infância havia
falado, quando ele se aproximou mais pude ver a mesma energia saindo de seu
corpo e o homem caindo no chão inconsciente como a moça.
Conforme andava escutava uma voz
dizendo:
- Tem certeza do que está
fazendo, acredita mesmo que essa oração vai protegê-lo de tudo e de todos que
estão aqui.
Mas o medo não deixava escutar
nada a minha volta nem ninguém, tinha que sair dali o mais rápido possível,
quando longe escutei um grito:
- Se ele não vai servir a nós que
não sirva a ninguém, matem-no.
Estavam todos receosos de se
aproximar de mim depois do que viram, tinham medo que o mesmo acontecesse a
eles, quando um arqueiro ao longe puxou uma flecha e atirou em minha direção,
sabia que daquilo talvez não fosse escapar, quando de repente a vi ela mudar a
posição e escutei uma voz vinda da floresta gritando:
- Corra iremos cobrir sua fuga.
Era tudo o que precisava naquele
momento uma ajuda, comecei a correr sem parar, atrás pude ver que algumas
lanças e flechas estavam sendo atiradas contra mim, mas alguém estava me
ajudando a escapar, eles estavam me perseguindo para ver até onde conseguia
correr e rezar quando vi um grupo a minha frente e uma palavra me veio a cabeça
Dalian, eu me lembrava deles de algum lugar e senti que poderia confiar neles,
as criaturas humanas que me perseguiam pararam e eles me ajudaram a sair
daquela floresta me levando até uma casa distante dali onde um parente deles
iria me ajudar a recuperar minha memoria.