domingo, 31 de agosto de 2014

Conto 20 - Parte 4

Uma semana se passou dês da estranha visita que Suzete tinha recebido que ela já tava quase esquecido o acontecido, quando uma tarde houve um problema com o encanamento de sua casa, toda vez que ela abria a torneira um barulho muito estranho aparecia, resolveu que o melhor era chamar um encanador, que chegou e não tinha problema algum, chamou outro e nada, mais um que cobrou muito mais caro, revirou a casa toda e como todos os outros não deu em nada.
E isso das torneiras passou para luz, do encanador passou para o eletricista, e novamente, nada, era só os técnicos chegarem que o problema desaparecia, aos poucos Suzete começou a achar que o problema estava dentro de sua cabeça, então lembrou daquilo que havia acontecido com o velho e pensou que talvez estivesse impressionada com tudo aquilo e que talvez fosse hora de arrumar uma companhia, foi a um abrigo de animais e escolheu um gato para morar com ela, uma semana se passou e tudo parecia que estava bem.
Foi almoçar e servir a comida quando viu que ele não havia comido o que ela havia posto no dia anterior, achando aquilo estranho começou a procura-lo e não o encontrava, aquilo era muito estranho, ela procurou, procurou, e não encontrou em lugar algum, chamava, chamava e não o encontrava,  novamente lembrou da palavras do velho e novamente pensou que estava ficando louca com tudo aquilo, gato são criaturas livres e ele provavelmente estava atrás de alguma gatinha e por isso na havia voltado, mais um dia se passou e a comida estava sem ser tocada, depois de quase uma semana, a comida não tinha sido tocada e nada do gato.
Só que havia um problema ainda maior que estava acontecendo, os clientes estavam faltando, as consultas que ela tinha marcada estavam passando e as pessoas como o gato desaparecendo, algumas nem mesmo atendiam, outras davam desculpas e não apareciam, preocupada com os custos de sua vida resolveu ligar para o apresentador que havia lhe ajudado a primeira vez e nem mesmo ele atendeu.
Quando o primeiro problema voltou, as paredes da casa começaram a ficar mofada, algum encanamento que ninguém encontrou estava vazando e estragando todas as paredes que tinham encanamento, como se toda a podridão que tinha sido feito em seu passado estava refletindo nas paredes da casa.
Para resolver o problema pegou um pouco do dinheiro que tinha guardado pintou as paredes e trocou de casa.

domingo, 24 de agosto de 2014

Conto 20 - Parte 3

A empatia de Suzete era um tanto quanto apurada e isso fazia com que ela conseguisse acertar diversas "profecias", ela olhava a pessoa construía um perfil mental e abria as cartas, mas aquele velho era tão estranho, parecia que o óbvio não era o óbvio.
Nossa protagonista não sabia o que fazer quando o senhor retirou do bolso interno de seu paletó, que ela não conseguia decifrar se era muito caro e chique, ou velho, barato e surrado, olhava em seus olhos e não conseguia decifrar se era um velho que passou por tudo e muito sabia da vida, ou se era um berço de ouro e viveu uma vida cheia de luxo, sua pele tinha rugas mais era bem tratado, não sabendo se ele tinha plásticas ou muito cuidado, anéis que não poderiam justificar uma aliança para definir uma família ou um solteirão convicto, tudo isso circulava em sua mente quando viu o baralho cigano saindo de seu bolso e escutou:
- Corte
Não sabia se cortava ou se tirava os olhos do símbolo tatuado em sua mão, ela não conseguia decifrar o que era o símbolo, mais ele estava impregnado em sua mente, assim ela cortou sem perceber o que fazia hipnotizada pela tatuagem.
O velho então abriu as cartas e lhe disse:
- Muitas mentiras rondam seu passado, mentiras que fizeram de você uma pessoa infeliz e quase miserável, você conseguiu mudar sua situação com base em uma outra mentira que falsamente lhe trouxe uma estabilidade e uma nova vida, mas isso logo vai ruir, pois uma mentira que bagunça com crenças antigas vão levar as sua vida para algo ainda muito pior.
Seus olhos encheram-se de lágrimas, mas ela precisava se manter forte e disse ao senhor:
- Que previsões mais sinistras as do senhor, sendo que a grande cartomante aqui sou eu, uma piada engraçada essa, quem lhe mandou aqui para brincar comigo?
O velho se levantou, deu as costas e saindo lhe disse:
- Não chame de sinistra ou de piada aquilo que sabe que é verdade. 
Ele continuou saindo, então ela lhe perguntou:
- Diga-me quem é você?
Ele sem se virar respondeu:
- Vladimir Romani.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Conto 20 - Parte 2

Um belo dia sem chamar muita atenção o apresentador aparece na praça da Sé e diz para Suzete;
- Olá lembrasse de mim?
Ela mais que imediatamente retira a foto toda surrada de seu bolso e responde:
- Claro que me lembro foi um dos dias mais importantes da minha vida, eu lembro deles todos os dias e conto para todos que você veio até minha pequena banca e deixou que eu abrisse as cartas para você.
- Então tudo o que você me disse naquele dia aconteceu, você se lembra, e eu gostaria de compensa-la por isso, antes, naquele dia eu não acreditava nesse tipo de coisa, mas depois daquele dia eu vi que é real e passei a acreditar e queria como retribuição contar a todos no meu programa sua história e tentar ajuda-la.
Sabendo da história do apresentador Suzete mais do que imediatamente resolveu que sim, ele sempre ajuda as pessoas por que ser ajudada por ele.
No dia seguinte lá estavam todas as câmeras, e a produção prontos para contar a história de vida da Madame Clotilde, mas como Suzete iria contar sua história real, ela sabia que se contasse quem realmente era tudo iria por água a baixo, ela tinha que arrumar um jeito de fugir daquilo, então na noite anterior arrumou um documento falso onde seu nome era Clotilde Romani, ela tinha lido em um livro que esse era um nome de uma família de ciganos famosa.
Assim contou sua história, onde após engravidar de um não cigano, ela foi abandonada por sua família cigana, onde ela passou a viver na rua e ler as cartas que eram um presente de sua avó, sua única herança familiar, o programa foi um sucesso e Suzete começou a aparecer em vários programas e sua vida foi ficando cada vez melhor, conseguiu uma casa dada pelo apresentador na vila Mariana, onde passou a atender vários artistas, mas para manter sua imagem ainda atendia seus clientes da praça da Sé, até que um dia um senhor com várias pulseiras douradas apareceu a sua porta.

domingo, 10 de agosto de 2014

Conto 20 - Parte 1

Essa é a triste história de Suzete, ou como ela é conhecida na praça da Sé, madame Clotilde, a cartomante, todos os dias ela acordava cedo de sua residência, ou de sua pequena construção de papelão e compensado em baixo do viaduto leste-oeste próximo a Av. do Estado, subia a Rua Tabatinguera com sua mesinha e suas duas cadeiras e seu tarô comprado em uma revista velha no cebo mais barato que encontrou, senta e passa o dia todo com seu vestido de cigana, suas pulseiras e colares que ela mesma produziu com coisas que ela encontrou em sua época de sem teto.
Tudo isto está te dando pena de nossa protagonista, não fique, diriam os que a conheceram antes de estar em tal situação que o que ela tem hoje em dia é muito mais do que ela merecia por tudo o que ela fez, mas esse assunto não importa mais, tudo o que está no passado, ficou no passado, Madame Clotilde hoje possui até um clientela que acredita que os dons de leitura de Suzete são realmente reais.
O dia de sorte de Suzete estava chegando, um famoso apresentador de uma das maiores redes de televisão estava gravando seu programa na praça da Sé e viu nossa Suzete no mesmo lugar que ela fica todos os dias e se aproximou dizendo:
- Olá temos uma vidente em um lugar desses, poderia ler meu futuro?
Madame Clotilde sacou seu baralho velho e surrado pensou no óbvio e lhe disse:
- Daqui um tempo você se casará com uma apresentadora do mesmo canal que você e terão dois filhos homens.
O apresentador riu terminou seu trabalho e foi embora, alguns anos depois o óbvio aconteceu, e ele lembrou do que havia lhe dito Madame Clotilde