sábado, 14 de abril de 2012

Conto 18 - Parte 5 e Final


Parte 5 

Acreditei que o melhor a fazer naquela situação toda era deixar que ele ficasse um tempo sozinho, sem que ninguém o incomodasse, ele precisava sentir o luto por sua família, agora ele estava sozinho, mas sabia que sempre teria um abrigo em minha casa, meu pai nunca negaria ajuda para ele.
Haviam se passado dois dias e ele ainda não tinha dado um sinal simples de vida, não sabia o que havia acontecido, não conseguia mais encontra-lo, talvez tivesse partido, talvez tivesse se matado, talvez estivesse apenas em um lugar seguro pensando sobre o que aconteceu, era complicado, pensar no que poderia ter acontecido com ele, mas complicado ainda mais não me preocupar com o que poderia estar acontecendo depois de toda aquela situação.
Estava preocupado e depois de dois dias estava na hora de conseguir encontra-lo para saber o que houve, até que alguns barulhos vieram do celeiro onde treinávamos, corri para lá e ao chegar o vi, estava forjando alguma coisa.
Ao escutar que eu me aproximava olhou assustado para traz preocupado com o que pudesse estar vindo, ao me ver seu olho brilhou como se estivesse cheio de lagrimas, mas nenhuma caiu, somente o brilho das lagrimas que enchiam os olhos.
Aproximando-me mais ele olhou para mim e disse:
- Não venha meu amigo, o que estou para fazer de e ser feito apenas por mim,, ninguém mais deverá sofrer, muitos já pagaram por meu erros e por minha falta de habilidade para proteger, posso ser o melhor para salvar a minha vida, mas sou um fraco quando se trata de salvar a vida das outras pessoas.
Não podia fazer nada, ali estava a pessoa que perdeu toda sua família por ter aprendido a combate, a se defender por culpa minha, o que meu pai acho que iria ajudar só causou a desgraça para meu amigo e poderia causar a desgraça para minha vida também, ainda mais se eu perdesse meu único e verdadeiro amigo.
Parei ao seu lado sem dizer nenhuma palavra, vi o que ele estava fazendo, e comecei a ajuda-lo, juntos nós começamos a produzir diversas armas brancas, estávamos nos preparando para uma guerra, onde de um lado tinham muitas pessoas e do outro apenas nós dois.
Sentamos e ele abriu um mapa, lá estava toda a estrutura da cidade, cada lugar onde o grupo tinha pontos, cada lugar onde cada um daqueles malditos estavam, e principalmente, onde ficava o verdadeiro líder daquele grupo, onde morava aquele que comandava toda a região, que cuidava de cada grupo, de cada trabalho ilegal, de cada uma das coisas que estragavam a nossa cidade e para minha surpresa esse local era a minha casa.

Parte Final

Tinha descoberto a pior coisa que poderia descobri naquele momento, meu pai era a pessoa que comandava tudo, realmente era muito estranho ele conhecer pessoas que sabiam tantas coisas perigosas, mas eu não podia imaginar que era assim, sabia que naquele momento não tinha nada o que dizer, nem mesmo nada o que fazer, mas uma coisa eu sabia, ia chegar o momento que uma decisão seria tomada e eu não sabia qual lado iria ficar.
Começamos nos grupos menores e passamos para os maiores cada líder de cada grupo era eliminado, um a um, até chegarmos no que chefiava os grupos, tudo era feito com muita facilidade e frieza, meu pai havia me preparado muito bem para aquela situação, ele só não esperava que a sua arma fosse ser usada contra ele, não voltei para casa enquanto estava trabalhando junto a meu amigo, não havia sentido enfrentar o maior inimigo naquele momento, andamos muito e cada vez tentavam se preparar mais para nós, mais era impossível.
Em um determinado momento estávamos não só caçando mais sendo caçados, o que era inútil, até que percebemos que aqueles que nos treinaram haviam sido contratados para nos caçar, nessa altura provavelmente meu pai já estava pronto para me ver morto, sabia que o que houvesse que ser feito para evitar uma tragédia já tinha se passado e agora o fim era inevitável, fosse o dele ou o meu.
Fomos bem treinados, mas não éramos os mestres, sabíamos que não seria fácil lidar com eles, haviam nos treinado e sabiam do que éramos capazes, mas o que nem mesmo um mestre era capaz de lidar era com dois de seus discípulos altamente treinados e não somente por eles, assim encontramos problemas, mais como tudo passamos por cima e seguimos em frente, estávamos cansados e quase sem dormir, um minuto que um dormia o outro guardava, mas quanto mais lutávamos mais pessoas apareciam, parecia não ter fim, aqueles que eram vencidos na cidade pareciam invocar pessoas de fora, como uma barata ao morrer exala um cheiro avisando a outra onde aparecer.
A situação estava complicada, quando resolvemos que estava na hora de parar a mina, sessar a fonte de pessoas e de verbas, chegamos a minha casa, estávamos ali parados a frente, como se fossemos esperados, alguns guardas vieram, mas ninguém era o suficiente para duas pessoas que não tinham nada a perder, eu só tinha que saber uma coisa, e ao chegar a frente de meu pai lhe perguntei:
- Por que deixou isso acontecer?
Ele olhou e disse:
- Preparei vocês para governarem o que estava construindo, você meu filho para ser líder e seu amigo para ser seu braço direito, não esperava que iriam descobrir como vocês eram bons e quando atacaram eles já era tarde de mais, esse é o problema de lidar com pessoas ignorantes, agiram por impulso e quando fui ver a situação já havia se descontrolado.
Todo meu mundo caiu, e não sabia o que fazer, olhei para o lado e meu amigo olhou em meus olhos profundamente, eu sabia o que fazer, não havia mais ninguém, não existia mais grupos e ali era o fim, como um jogo que chega ao fim, dei as costas e parti, no dia seguinte quando me apresentei frente ao monastério ouvi que meu pai havia morrido e que meu amigo havia sido morto junto a ele sendo ele colocado como seu filho em um assalto mal sucedido.

terça-feira, 27 de março de 2012

Conto 18 - Parte 3 e 4


Parte 3

Olhou nos olhos daquele homem, não era mais um garoto de quinze anos, o sangue que correra por sua mão tinha lhe feito homem, o senso de responsabilidade bateu fundo, estava na hora de fazer algo por sua família, olhou a volta, viu que havia muitos, avançou como se fosse concordar com o que havia sido proposto, olhou para ele e disse:
- Esse mundo pode não ser o melhor, sei que minha situação pode não ser tão boa, e sei que se trabalhasse para você poderia resolver muitas coisas, mas onde ficaria minha consciência? O que faria ao chegar em casa e olhar nos olhos da minha mãe.
Naquele momento sabia qual era minha deixa, comecei a leva-los para o fundo para podermos sair dali, tinha que protege-los, era para isso que ele tinha me deixado ali, era por isso que ele tinha me olhado daquela maneira, eu era a única pessoa que ele confiava para colocar sua família em segurança, corremos para o fundo, na frente da casa comecei a ouvir tiros, enquanto atirassem era um bom sinal, ele ainda estava lutando, mas aquela emboscada tinha sido muito bem feita, a casa ainda estava cercada e não só isso começaram a atirar coquetéis molotov contra a casa, estávamos cercados e a única saída era a frente, eu sabia que tinha habilidade para sair dali sozinho, mas não poderia fazer isso, a casa estava começando a ficar completamente em chamas e não teríamos por onde sai, tinha que dar um jeito.
Poderia sair abrir caminho e deixar que fugissem, talvez fosse a melhor estratégia, tínhamos sido treinados para combate, para fuga, mas nunca fomos treinados para ajudar os outros, esse foi um grande erro que poderia custar algumas vidas naquela situação, pulei para fora da casa para abrir uma passagem, comecei a enfrentar quem estava a frente, mais eram muitos, conforme era possível jogava alguns deles nas janelas da casa para abrir passagem mais parecia que não importava quanto lutasse era insuficiente, tinha aberto um caminho, agora tinha que tira-los dali, corri para frente para ver se juntos poderíamos fazer alguma coisa, mas ao chegar lá fui capaz apenas de ver muitos mortos e sangue, mas não consegui encontrar meu amigo, escutei algum tiroteio um pouco mais adiante, mas tinha que me preocupar com aqueles que estavam em meu encalço, sem contar que tinha que averiguar se eles haviam percebido que deixei uma passagem para que fugissem, manter a calma estava se tornando uma situação impossível.
Naquele instante eu pude entender algumas coisas, a primeira delas era a grande diferença social envolvida, não aparecia um policial se quer, um bombeiro para ajudar com o fogo, era como se o que estivesse acontecendo ali não importasse para fora do mundo, como se o que acontecesse ali devesse fica ali, era a única pessoa capaz de resolver aquilo, mas treinar para matar é uma coisa, realmente matar é outra, só que não restaram muitas opções naquele momento, conforme possível pegava uma arma e a descarregava até conseguir outra, para que assim conseguisse voltar para casa.
Corri de volta para casa e não encontrei ninguém senti um alivio, tinha entendido o que fazer e conseguiram fugir, agora tinha que sair daquele lugar antes que mais pessoas me encontrassem.

Parte 4

Voltei para casa depois de passar um tempo procurando meu amigo, mas foi em vão, não havia encontrado mais ninguém, eram corpos jogados e só, não se via os vivos, como se estivessem todos intocados, escondidos para sobreviverem, aquilo parecia uma guerra, onde não se importa mais o que está fazendo, basta conseguir sobreviver.
Mal consegui dormir, acordei no dia seguinte e meu pai apareceu com dizendo:
- Filho você viu o que aconteceu no bairro que seu amigo mora, ouve um incêndio, varias casas se queimaram e muitas pessoas morreram enquanto dormiam, ninguém sabe o que aconteceu ou o que começou o incêndio, só sabem que foi por causa da forma que as construções são feitas.
Tinha que encontra-lo, não sabia o que tinha acontecido com ele, nem mesmo com sua família, mas sabia que eles tinham escondido tudo o que aconteceu com aquele incêndio e não teria como encontrar ninguém que pudesse dar alguma informação.
Era o momento de investigar por conta própria, tinha que usar tudo o que tinha aprendido nesses anos para poder descobrir exatamente o que aconteceu, sai com toda força para descobrir o que tinha acontecido, mas não foi  muito necessário, quando um exemplo tem que ser dado isso é feito e muito bem feito, ao chegar próximo ao esgoto aberto daquele lugar já pude avistar que existia uma pessoa sentada, lá estava meu amigo, abaixado, encolhido, se espremendo, conforme me aproximava pude notar que no meio de tantos detritos humanos haviam humanos.
Aproximei-me com muita calma, ou pelo menos foi o que tentei fazer, mas era impossível fazer isso, lá estava o corpo de sua família, jogada na merda, para realmente simbolizar o que somos, para deixar bem claro que não importava o quanto pudéssemos derrubar, que não importava o quanto fossemos forte por nós mesmos, nada disso mudaria, nada disso faria sentido algum, pois quando tudo isso fosse necessário, quando tivéssemos que realmente usar tudo aquilo não adiantaria, pois não seriamos capazes de proteger aquilo que mais amassemos, aquilo que mais nos fizesse estima.
Aquela foi a lição naquele momento, eu sentei-me ao lado dele e ali ficamos por muito tempo, o sol se foi, a noite chegou e ali ainda estávamos, sentados olhando os corpos lentamente desaparecerem, como se afundassem meio a uma arreia movediça em um deserto, como se fosse um funeral em movimentos lentos, para que cada detalhe fosse visto, nenhuma palavra foi falada, nenhuma lagrima foi derramada, só ficamos ali, olhando e tentando entender o que tinha realmente acontecido e o que deveria ser feito a partir daquele momento.
Ali estávamos por muito tempo até que subitamente ele se levantou, os corpos já havia desaparecido da vista por completo, ele se virou e me disse:
- Vá, antes que acabe como eu, tudo o que fizemos não mudou nada, tudo que aprendemos não mudou nada, a vida real é muito diferente.
Ele começou a andar e o via se distanciando cada vez mais.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Conto 18 - Parte 1 e 2



Parte 1 

Eu sempre tive muito medo das coisas, quando eu era um garoto achava que podia ajudar todas as pessoas, mas acabava sempre me atrapalhando em entrando em confusões ainda maiores das que eu tinha tentado ajudar a resolver.
Acreditava que poderia resolver tudo sempre, tinha grandes ilusões que só me trouxeram desgraças, até o dia que uma dessas desgraças viria mudar a minha vida completamente, estava eu com quase quinze anos de idade quando um de meus amigos havia se envolvido com um grupo que cuidava do bairro onde ele morava, minha família não possuía muito dinheiro, mas como meus ancestrais a muito tempo souberam escolher um bom lugar para comprar terras e a cidade acabou crescendo em volta vivíamos no meio da cidade, diferente de meu amigo que vivia nas zonas afastadas da cidade, nos chamados pé de barro, de onde vinham e onde se escondiam alguns dos maiores problemas para nossa sociedade.
O líder de um dos grupos que havia naquele bairro estava interessado em meu amigo, devido a alguns treinos e condicionamentos que tínhamos, pois meu pai tinha planos para que eu seguisse uma carreira militar, já que em nossa sociedade uma das poucas garantias para se conseguir algo na vida para aqueles que não eram ricos era a careira militar, assim como erramos amigos há muito tempo e meu pai via o valor daquela amizade ele acabou ajudando os dois, sem saber o problema que aquilo poderia causar.
Entre todas as coisas que nós aprendíamos a que mais importavam para gerar problemas para nossas vidas foram as artes de combate corpo a corpo e principalmente a arte de combate a distancia, devido a uma divida que um oriental havia feito com meu pai ele em troca nos ensinou varias espécies de combate, com armas e sem armas poderíamos ser perigosos, mas claro que todo o intuito de aprender a lutar na arte marcial não envolvia entrar em combate, esse foi o único problema que não foi previsto por meu pai, que depois de muito tempo arrumou ainda um especialista em armas para nos ensinar a utilização de armas de fogo, tínhamos nos tornado soldados perfeitos aos 15 anos de idade.
Justamente quando o líder do grupo havia feito um acordo com um chinês que traria opio para nossa cidade, e para transporte e cuidado do produto ele precisaria de alguém que fosse capaz de proteger o local e as viagens do produto, mais as pessoa que ele possuía ali não eram qualificadas, algumas de suas cargas tinham sido levadas, outras que não foram levadas acabava com baixa em seus homens, eles não eram tão bons com armas, eram apenas pessoas sem dinheiro que tinham encontrado um meio de sustentar sua família de forma mais digna, tendo um trabalho indigno, esse era o meio que justificava os fins, naquela situação, mas não era o melhor nem o que as pessoas queriam, esse era um dos motivos pelo qual meu pai sabia muito bem como esconder nosso treinamento, tendo apenas pessoas de confiança os fazendo em um local no qual ele sabia que ninguém perceberia o que estava acontecendo.
Só que o grande problema em saber se defender era que quando necessário seria feito e veio o dia que chamo de “dia do grande problema”, meu amigo tinha uma bela irmã mais velha que ajudava sua família a sustentar todos trabalhando, com isso ela não tinha muito tempo para viver uma vida normal, que no caso queria dizer arrumar um namorado e constituir a sua própria família, nesse dia tínhamos treinado e estávamos voltando para casa dele onde sua mãe tinha me prometido meu prato predileto, macarronada a bolonhesa, quando um dos bandidos que há algum tempo estava provocando a irmã de meu amigo resolveu que a tomaria a força.

Parte 2 

Aquilo poderia atrapalhar a cabeça de qualquer um, mas depois de tanto tempo treinando não nos tirou do serio, só aguçou o instinto de proteção, ele a puxava pelo braço e ela gritava socorro pedindo ajuda, ninguém a sua volta fazia nada, aquele grupo já tinha ganho um certo nome e as pessoas ali não fariam nada contra eles, mesmo que fosse para socorrer uma pobre moça.
Os olhares foram imediatos, sabíamos o que tínhamos que fazer, contamos os inimigos e avançamos com calma, algo que ela não teve ao ver seu irmão mais novo vindo em direção de pessoas que a estavam machucando e que provavelmente machucariam ainda mais seu irmão, ela não sabia do que erramos capazes e nem nós mesmos, ela gritou para que saíssemos dali mais já era tarde, eles começaram a se aproximar dizendo: “o que vocês querem garotos, voltem para casa no colo da mamãe aqui não é lugar de crianças”, com toda calma do mundo meu único amigo respondeu: “é melhor para vocês que não se metam com minha irmã, deixem com que ela se vá e nada irá acontecer com vocês”, era claro que não ouviriam, sacaram suas armas e as apontaram em nossa direção dizendo: “O pivete esta muito louco, perdeu o medo da morte ou não sabe com quem ele está falando”, ele sorriu e pude ver que algo tinha mudado, aquela situação tinha despertado algo que não devia ser desperto em ninguém, a prepotência, então ele disse: “A verdadeira morte não anuncia a sua chegada, ela simplesmente aparece sem aviso levando a vida daqueles que ela deseja”, antes que houvesse tempo para uma resposta o que estava mais próximo de nós estava caído no chão desarmado e os outros a volta com um lento tempo de reação foram caindo um a um com um tiro certeiro na cabeça, ele sabia que não poderia desperdiçar balas, pois aquele velho revolver não tinha balas o suficiente para todos.
Não podia deixar que ele fizesse tudo sozinho, aproximei de sua irmã tirando-a da mão daquele imbecil e o joguei em cima do ultimo que ainda estava vivo e em pé para que não pudesse fazer nada, corremos para casa dele onde apavorada sua irmã contou o que tinha acontecido apavorando a todos ali, sabiam que viria algo muito pior, assim como veio, o meu erro foi não ser tão sangue frio quanto meu amigo e ter matado aqueles dois, pois o tempo de chegarmos ali foi o tempo de eles contarem ao líder do grupo o que havia acontecido e virem em muitos mais para nos encontrar, era tudo o que ele queria alguém capaz de derrubar dez homens de uma vez, a casa estava cercada, talvez fossemos bons, mas para todos aqueles não, então ouvimos lá de fora:
- Não estou aqui por vingança, quem não pode se defender não deve viver, estou aqui para oferecer um emprego em troca da vida da sua família, preciso de alguém bom o suficiente do meu lado para proteger meus negócios, e você pareceu ser, assim se sair tranquilamente e vier comigo sua família fica bem.
Ele me olhou nos olhos e saiu, todos estavam tremendo, não sabia se estavam assustados com o que fizemos ou com o que estava acontecendo, eu sabia o que fazer, ele também, então ele saiu.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Conto 17


Parte 1
Escutei barulho de animais selvagens a minha volta, olhei assustado para ver o que poderia ser, parecia que estava dormindo, quando percebi que não sabia onde eu estava, olhei tudo em volta para ver se recordava de alguma coisa, mas estava escuro de mais e não conseguia ver nada, fechei meus olhos, respirei profundamente e os abri novamente, minha visão se tornou um pouco melhor e estava começando a distinguir uma coisa da outra, via arvores que pareciam negras como a noite, nada fazia muito sentido, quando a diante vi o que parecia ser uma carruagem, andei cuidadosamente até ela.
Os dois cavalos que a puxavam pareciam ter sido atingidos por alguma coisa, como se tivessem sidos atacados para que fossem ao chão, a situação ficava mais estranha, abri a carruagem para ver se ainda haveria alguma pessoa machucada ou ferida e nada estava vazia, não tinha nenhum cocheiro, mas dependendo do como foi a queda provavelmente ele teria sido arremessado, poderia talvez ser eu cocheiro desta carruagem, mas minhas roupas não se pareciam com a de um cocheiro, não haviam malas nem pertences algum na carruagem, o que tornava tudo ainda mais estranhos, alguns barulhos da noite ainda estavam a me rondar, provavelmente algum animal faminto havia sentido o cheio de morte ao lado dos cavalos, ficar ali perto não era seguro, mas para onde ir se nem ao menos eu sabia quem era.
Passei a andar, tinha que me afastar daquele lugar, talvez encontrar uma estrada que pudesse seguir para ver onde acabaria dado, precisava ao menos encontrar um lugar seguro para tentar dormir um pouco ou ao menos recuperar um pouco da energia, estava andando quando senti uma dor leve na cabeça, coloquei a mão e senti uma humidade, ao olhar minha mão estava repleta de sague, provavelmente era isso que havia causado esse esquecimento, mais como com um machucado aberto ainda estava pensando e andando normalmente, tinha que continuar, me sentia sendo perseguido por algo.
Foi quando avistei uma pequena luz ao fundo das arvores, poderia ser um abrigo, ou uma cabana que houvesse alguma pessoa que pudesse me dar um apoio, mas a minha visão começou a ficar embasada e minhas pernas bamba e só pude perceber meu corpo indo ao chão.
Parte 2
Achei que tinha morrido, mas ao abri os olhos, estava deitado em uma pequena cabana com uma senhora ao meu lado, ela sorriu quando me viu e me disse:
- Olá, meu filho encontrou você ferido na estrada, foi por muito pouco que você não era comido por um animal selvagem.
- Agradeço muito por terem me ajudado, eu não sei o que estou fazendo aqui, acredito que eu sofri um acidente com meus cavalos e acabei batendo a cabeça e algumas coisas não estão muito claras neste instante. Eu disse a ela.
Ela me olhou um pouco espantada e me disse:
- Há muito tempo que minha família é guardiã desta floresta, poucos homens entram nela e saem com vida, existem muitos perigos nela.
Aquelas palavras pareciam estranhas, mas quando perguntei o motivo daquelas palavras ela mudou de assunto e disse que eu necessitava comer e saiu para me buscar uma sopa, eu estava muito fraco, provavelmente a pancada me fez assim, eu não conseguia fazer muitos movimentos e esperei que a senhora me trouxesse comida, ela parecia muito confiável.
Depois de alguns minutos, após eu me alimentar escutei alguns barulhos, parecia ser o filho que havia me salvado, mas o barulho parecia ser de mais do que uma só pessoa, até que um jovem entrou pela minha porta e me disse:
- Como está se sentindo?
- Não muito bem ainda, mas agradeço a ajuda.  Lhe respondi.
Ele não disse mais nada e saiu pela porta, comecei a escutar algumas vozes e no meio de algumas delas pude escutar alguém dizendo:
- Ele não pode ficar aqui, precisamos tira-lo o mais rápido possível da floresta e leva-lo para outro lugar, se chegaram tão próximo de nossa casa para conseguir pega-lo é por que ele deve conter uma energia muito forte que o faz um atrativo para eles, precisamos leva-lo daqui urgentemente.
Então lá no fundo eu escutei a voz da senhora dizendo:
- Estamos com um problema ainda maior, apagaram a memoria dele, foi muita sorte ele ter seguido o caminho da nossa casa e não o oposto.
Juntei as forças e me levantei, tentei andar até a porta mais minhas pernas não responderam e fui ao chão causando um barulho que chamou a atenção deles, fazendo-os vir até mim, abriram a porta e tinha cinco homens, a senhora entrou e disse:
- Tudo bem com o senhor?
- Esta tudo bem só queria andar um pouco, lhe respondi.
Ela balançou a cabeça e disse:
- Esses são meus filhos, somos a família Dalian, a muito protegemos a floresta, meu nome é Maria, com a graça do Senhor?
- Sou..., parei por alguns segundos e não sabia o que responder.
Todos ficaram me olhando preocupados, mas a senhora quebrou o gelo dizendo:
- Fique aqui por um tempo até melhorar, meus filhos cuidaram de tudo, assim que melhorar ajudaremos a chegar a algum lugar que o ajude a lembrar de seu nome.
Parte 3
Depois de dois dias recebendo sopa e escutando pouco barulho, como se estivesse apenas eu e a Senhora na casa consegui me levantar e andar um pouco, de ficar deitado pude perceber que haviam símbolos estranhos nas paredes e janelas, símbolos que não me viam a cabeça, mas do jeito que minha mente estava não era de se estranhar.
Ao chegar à cozinha onde a senhora estava ela de costas me disse:
- Ainda bem que já esta conseguindo andar conseguiu lembrar-se de alguma coisa.
Não tinha muito o que responder, ainda não havia lembrado de nada, quando uma palavra veio a minha cabeça: “Lorenzo”, como se fosse um nome, como se fosse o meu nome, então eu lhe disse:
- Não sei com muita certeza, mas acredito que meu nome seja Lorenzo.
Novamente ela sorriu e disse:
- As coisas podem demorar um pouco para voltar, só tome cuidado se sair da casa para não ir muito longe.
Depois continuou o que estava fazendo, ainda não estava muito forte para sair da casa, mas estava desesperado para sair, tinha que encontrar um jeito de lembrar das coisas que não estava conseguindo lembrar, tinha que sair dali e voltar para minha vida, mas meu corpo não estava ajudando, sentei e fiquei vendo o que a senhora estava fazendo, comecei a perceber que aqueles símbolos que estavam no quarto estavam pela casa toda, tomei um pouco de coragem e perguntei:
- Que símbolos são esses?
- São a nossa proteção, os bichos que vivem na floresta se afastam perto desses símbolos. Ela respondeu sem mover-se.
Fiquei prestando atenção naquilo, eram estranhos, mais poucos, eles se repetiam em todos os lugares da casa, cada lugar da casa tinha aquela sequencia de símbolos, como coisas escritas na parede dentro da sala, do quarto, da cozinha faria com que bichos não entrassem na casa, eu podia estar sem memoria, mais não era burro a ponto de engolir uma coisa daquela, resolvi dar uma volta pela casa para ver o que aconteceria.
Parte 4
Abri a porta e não podia ver ninguém à volta, olhei a casa, e novamente estavam os símbolos, escutei uma voz, estava distante olhei para floresta e parecia ver uma pessoa, dentro da mata podia ver uma demarcação, como se estivesse protegendo a casa, mais não tinha nenhuma cerca, somente algumas marcas nas arvores e alguns objetos estranhos, mas atrás de tudo isso um senhor que me chamava, dizendo:
- Venha até aqui, preciso lhe mostra uma coisa.
Por mais absurdas que pareciam aquelas palavras eram como se ordenassem meu corpo a fazer alguma coisa, eu me sentia atraído por aquelas palavras, meu corpo que mal estava conseguindo andar dentro da casa, ali fluía como se nunca tivesse sido machucado, como se não estivesse fraco, como se nada houvesse acontecido.
Andei até o ultimo símbolo, até o que deveria se a ultima barreira quando ao fundo comecei a escutar a voz da senhora, não conseguia entender uma palavra do que ela estava dizendo, mais o senhor que estava a minha frente se ajoelhou, começou a se contorcer como se aquelas palavras estivesse causando um grande sofrimento a ele, algo absurdo e inacreditável, mas as palavras o maltratavam, o feriram, era muito estranho, quando uma grande lança passou ao meu lado em direção à senhora, só pude escutar uma voz gritando:
- Mãe cuidado.
As palavras pararam, nenhum outro grito escutei, meu corpo estava paralisado, o velho se levantou, começou novamente a me chamar quando uma flecha atravessou a sua cabeça, e um dos filhos da Senhora me pegou, me puxando para dentro da casa novamente, enquanto era puxado pude escutar:
- Não adianta lutar Dalians, não são mais tantos, não são poderosos e em algum momento não serão mais o suficiente para nos manter nessa floresta, iremos pega-lo, e esse humano é nosso.
As vozes se calaram, eles estavam todos ali, me protegendo, se protegendo, a senhora havia evitado a grande lança, como eu não sei, nunca pensei que aquela senhora conseguiria escapar daquilo, naquela velocidade, mas meu coração não palpitava a mais, como se não me incomodasse o que tinha acabado de presenciar, parecia normal.
Naquele instante eu precisava de algumas explicações, mesmo sem saber quem sou, sem entender o que estava acontecendo, era a minha pessoa que estava em perigo, foi atrás de mim que vieram, eu precisava entender o porquê, então perguntei:
- O que foi aquilo? Quem era aquele homem? O que ele queria comigo?
Todos se calaram.
Parte 5
Um tempo calados, algumas poucas trocas de olhares, e a senhora resolveu falar e começou dizendo:
- A historia é muito longa, faz muito tempo que eu não conto essa historia, mas, eu tinha uma família tranquila que vivia na fazenda, ainda era muito pequena quando um de meus tios tinha se tornado pastor e veio construir uma capela em nossa fazendo, tudo parecia normal até que um dia um novilho desapareceu, meu pai não sabia o que fazer, começou a procurar em todas as partes, não encontrou, todos os empregados da fazenda seguiram atrás e nada, neste meio tempo uma de nossas antigas escravas, que diziam ser a curandeira da antiga tribo vivia dizendo a meu pai que a energia emanada por meu tio não era nada boa, que ele não era o que dizia ser, mais ninguém lhe dava ouvido, até que sem mais ter onde procurar meu pai foi a capela que estava com a porta trancada, meu pai bateu, bateu, e ninguém atendeu, nesse instante a senhora Zilcania, esse era o nome da empregada, apareceu e disse: “Senhor ele está com o novilho, ele irá sacrifica-lo, meu pai não queria acreditar, mas ele tinha que descobrir arrombou a porta, entrou e lá estava meu tio com um manto negro, em volto a varias pessoas, a varias sombras e muitas coisas que não seria possível explicar, na frente deles estava o novilho e minha irmã mais nova, um bebe com menos de um ano, meu pai entrou em pânico, tentou ataca-los, mas quando meu tio se virou não era mais ele, nesse instante a empregada entrou com diversas coisas estranhas na mão, falando palavras que ninguém entendia, meu tio se ajoelhou perante ela, mais ele não era o único ali, os outros começaram a atacar, meu pai a pegou saiu e tentou trancar a porta, mas outras pessoas fora daquela capela estavam iguais a eles, virou um campo de batalha, meu pai era um grande guerreiro e começou a defender todos com a ajuda de Zilcania, que com muito esforço ajudou a prende-los naquele espaço, nossa fazenda e a nossa casa ficaram sobre um ritual preparada por ela, que ensinou a nossa família a como proteger o lugar, transformamos a fazenda em uma floresta, passamos dividimos nossa família em grupos, estudamos o máximo que pudemos, mandamos os mais novos para fora onde uma pessoa de nossa família faz estudos sobre essas criaturas, montamos grupos divididos na floresta para que eles não saiam, o problema é que de tempos em tempos eles acabam se libertando para caçar, eles precisam de pessoas para se alimentar da energia já que não conseguem sair, alguns que estão fora tentam entrar, alguns que estão dentro tentam sair, um tenta ajudar o outro e nosso trabalho se tornou impedir que isso aconteça, até que descubramos um jeito de acabar de vez com eles, estamos espalhados pelo mundo, muitos de nós estudam outras culturas e novos métodos, já tentamos muitas coisas e tudo acaba igual, ficam fracos e não mortos, acreditamos que tentam algo maior, e com o tempo descobrimos que pessoas diferentes possuem forças diferentes e quanto mais energia uma pessoa tem mais força da para eles.
Tudo era muito estranho mais depois do que tinha visto e ouvido não era tão difícil de acreditar, pedi alguns minutos para assimilar toda aquela historia, fui ao meu quarto e passei um tempo pensado, me levantei e lhes pedi:
- Como fazemos para que me levem para fora daqui.
Todos sorriram e a senhora disse:
- Minhas crianças cuidarão disso, só nós de um tempo para que comuniquemos todos os grupos para que não tenhamos problemas no caminho, eles estão fortes de mais este ano.
Concordei com a cabeça e voltei para o quarto para descansar um pouco.
Parte 6
Alguns dias se passaram já não estava mais aguentando esperar, até que a senhora chegou e me disse:
- Estamos prontos, os mensageiros já se foram e já voltaram, cada equipe está preparada, agora é a hora, vamos.
Saímos andando, achei que teriam cavalos e possivelmente carroças, mas não, íamos andando, todos os filhos da senhora estavam a minha volta e junto deles havia mais uma pessoa que eu ainda não tinha visto, um homem mais velhos com algumas cicatrizes estranhas pelo corpo estava guiando o grupo.
Começamos a andar pela floresta e era obvio que estávamos sendo seguidos, muito barulho a nossa volta, alguns deles não parava de recitar palavras que nunca iria entender, quando uma voz saiu da mata dizendo:
- Você acha que esse grupo é o suficiente para me deter Marcos Dalian, você não sabem o quando estamos determinados a conseguir este espécime.
Risos começaram a ser escutados em vários pontos a nossa volta em e um grupo de humanos começou a aparecer nos cercando, não pareciam nem um pouco diferente de qualquer outra pessoa, mas para eles eram e começaram a ataca-los, mais não pareciam ser fortes o suficiente para vencer aquele grupo, até que um deles fez um movimento me jogando para longe do grupo que estava sendo distraído por aquelas pessoas.
Marcos ao ver que havia sido jogado para longe correu em minha direção, mas a sua frente apareceu aquele homem que havia ido a casa no outro dia, Marcos jogou um pequeno papel nele e começou a recitar aquelas palavras estranhas quando um outro homem apareceu atrás dele empunhando uma espada, estava pronto para gritar quando minha voz se calou, não conseguia avisa-lo, estava paralisado, ele conseguiu perceber a minha reação, mais não conseguiu evitar completamente o golpe sendo levado ao chão com um ferimento grave e eu acabei sendo arrastado por um tempo na floresta até que desmaiei.
Parte 7
Escutei alguns barulhos estranhos, abri os olhos, olhei para os lados e nada via, somente uma luz muito distante, não sabia onde estava, não sabia o que estava acontecendo, não sabia o que deveria fazer e muito menos como havia chego ali, não sabia nem mesmo que eu era.
Levantei e comecei a andar em direção a luz que estava vendo, provavelmente estava indo ou vindo daquele lugar precisava chegar lá até mesmo para que pudesse pedir algum tipo de ajuda, conforme estava andando sentia dentro de mim uma sensação de que estava fazendo algo errado, que aquele caminho que estava seguindo não era o certo e que não deveria ir por ali, mas ao mesmo tempo alguma coisa me fazia andar naquela direção como se soubesse que deveria chegar naquele lugar, conforme fui andando pude avistar uma pequena capela o que me deu uma sensação de que deveria me aproximar, ali talvez alguém pudesse me ajudar a entender o que estava acontecendo comigo, por que estava caído ali naquele lugar e principalmente por que não conseguia lembrar de nada.
Ao chegar ficar mais próximo podia sentir uma energia muito forte empurrando meu corpo para longe daquele lugar como se houvesse uma barreira que não deixasse que eu me aproximasse daquele lugar, até que um senhor apareceu e foi ficando fácil me aproximar, ele então me disse:
- Filho você está aqui, procuramos você pela noite toda e não o encontramos, o que estava acontecendo?
- Desculpe mais não me lembro do senhor. Respondi imediatamente.
Olhou-me estranhamente e continuou:
- Ontem você ia sair para buscar comida, tinha ido caçar quando anoiteceu e não voltou, ficamos muito preocupados e saímos a sua procura, não conseguimos encontra-lo e acabamos vindo para capela para pedir que aparecesse.
Algo naquelas palavras não condiziam, mais ele imediatamente se aproximou e começou a me levar a uma pequena casa, dizendo que provavelmente teria acontecido alguma coisa que eu precisava descansar um pouco e depois alguém iria me examinar para ver o que poderia ter acontecido.
Parte 8
Após descansar um pouco acordei e a beira de minha cama estava uma bela mulher, que ao perceber que havia acordado disse:
- Ainda bem que acordou meu amor, seu pai disse que não está se recordando de muitas coisas, desde que fiquei sabendo que chegou aqui não sai de seu lado para ver se acordava e se lembrava de mim.
Olhei em seus olhos, olhei para seu rosto e nada me vinha a cabeça, realmente parecia não conhecer aquela pessoa, mas parecia que ela me conhecia, então lhe disse:
- Desculpe, mas deve ter acontecido alguma coisa comigo enquanto estive na mata que não consigo me lembrar de nada.
Ela se aproximou de mim, segurou minha mão e disse:
- Não se preocupe logo você se lembrará de tudo, voltarei com algo para comer.
Ela saiu e aquele senhor voltou novamente com uma senhora e mais uma senhora, pareciam preocupados então o senhor disse:
- Filho este é o medico que ira te examinar para ver se alguma coisa aconteceu para você perder a memoria desse jeito.
Estavam todos sendo muito atenciosos comigo, o homem então me examinou e encontrou um machucado em minha cabeça dizendo:
- Provavelmente durante a caçada você bateu a cabeça de alguma forma, sem que se lembre, será difícil definir o que aconteceu exatamente, mas podemos dizer que provavelmente encontrou um urso ou algum outro animal grande que deve ter lhe enfrentado disputando a caça, já que estava sem o seu arco, é possível que tenha te atacado para pegar a caça e acabou ferindo sua cabeça causando esse esquecimento.
A mulher demonstrou muita afeição e então todos saíram quando a bela moça voltou com uma sopa, não entendia o que estava acontecendo, mas por mais que não parecesse familiar pareciam me conhecer e se preocuparem comigo, provavelmente iria me lembrar, assim que ficasse um pouco mais de tempo ali.
Meu corpo parecia estar fraco, como se minha energia estivesse sendo sugada, mas devido ao que eu poderia ter passado para estar nessa situação provavelmente o que estava sentindo era normal, mas não estava aguentando me manter acordado, como se meu corpo estivesse precisando recuperar uma energia que eu não me lembrava de ter gasto, tudo bem que depois que me alimentei muitas pessoas vieram me ver, eram todos muitos calorosos e aparentemente muito preocupados com as minhas condições de saúde, mas mesmo assim sentia uma sensação de incomodo com tudo aquilo, como se algo dentro de mim não estivesse muito certo, mas quando olhava aquela mulher me olhando parecia que estava seguro, como se ela estivesse me transmitindo uma tranquilidade, então resolvi dormir um pouco novamente.
Parte 9
Estava tentando dormir quando imagens estranhas começaram a aparecer em minha mente, eu estava em um quarto repleto de símbolos que eu nunca havia visto, aquilo estava me perturbando e eu não conseguia acordar, vi uma casa cercada por aquela sequencia de símbolos que eu nunca tinha visto.
Acordei vomitando a sopa que acabara de tomar, como se meu corpo estivesse expelindo aquela sopa, rejeitando-a, não estava me sentindo bem, parecia que havia acordado ainda mais fraco do que antes, mais ao olhar aquela bela dama ao pé de minha cama a cuidar de mim, me acalmou e fez com que eu dormisse novamente, seu olhar era como um sedativo muito forte.
Quanto mais dormia mais eu sonhava com aqueles símbolos, cada vez que acordava me sentia mais fraco, mais vulnerável, e todas as vezes que acordava eu voltava a dormir cada vez mais rápido ao olhar para bela dama, algo não estava fazendo sentido minhas lembranças estavam querendo me acordar e me dar uma indicação, mas aquela situação me fazia dormir e ficar fraco, um incomodo me abatia, e eu tinha que fazer alguma coisa, não sabia o que estava acontecendo, mais tinha que resolver.
Acordei, tentei me manter acordado o máximo que pude e pedi para que aquela bela mulher fosse buscar um copo de agua para mim, quando ela saiu mordi a ponta do dedo e com o sangue que saia desenhei aqueles símbolos na porta, fiquei esperando ela chegar e ela não aparecia, desenhei os símbolos nas janelas no chão e subindo na cama no teto, após fazer os desenhos em todos os lugares era como se minha energia começasse a voltar eu começava a me sentir forte novamente, estranhamente eu sentia como se soubesse o que estava fazendo, mas não sabia, algum tempo depois ouvi batidas na porta, disse que que entrassem que estava muito fraco para me levantar e então disseram:
- Acho que a porta imperou quando sai do seu quarto, por que não estou conseguindo abri-la por fora, tenta fazer uma força e vir abrir.
- Vou tentar. Respondi.
Não sabia se aqueles símbolos iriam me proteger somente se as portas estivessem fechada como um selante de porta, ou se poderiam me proteger mesmo eu abrindo a porta, não sabia o que era melhor a ser feito, cobri os símbolos que havia pintado nas janelas coloquei  o tapete nos símbolos que havia feito no chão, só os que estavam atrás da porta e do teto que não teriam muito o que fazer, mas eu ia abri a porta, tinha que ver o que estava acontecendo, eu estava ficando louco paranoico por não lembrar de nada e isso estava me fazendo desconfiar de todos a minha volta, tinha que descobrir.
Abri a porta e deixei com que ela entrasse, mas ao dar o primeiro passo, ao pisar no tapete ela ficou parada, não mais andou, olhou para o teto e seus olhos ficaram completamente pretos, não sabia o que aquilo significava, então ela disse:
- Meu amor o que você esta fazendo.
Vi que o velho tinha percebido que ela não se movimentada, fechei a porta o mais rápido possível e ali ela ficou parada, como se aqueles símbolos a impedissem de andar, como se fossem uma espécie de prisão, não entendia aquilo, mas ela não estava impedida de falar, então começou dizendo:
- Você está confuso, esse ataque deixou você com problemas, como não confia em mim, sou sua mulher, vivemos há muito tempo nesse lugar, lembre quando éramos crianças que brincávamos juntos, corríamos na floresta, você queria ser guerreiro, seu pai queria que fosse um burocrata, mas nos brincávamos de caçadores.
Aquelas palavras me pareciam reais como se tivesse vivido aquilo, então lhe disse:
- Venha sente-se aqui ao meu lado para me ajudar a lembrar de mais coisas.
- Não vou ficar aqui, para que possa me ver e ajudar sua mente a funcionar melhor. Ela me respondeu imediatamente, sem pensar.
Eu sabia que ela não estava podendo se mexer, que aquelas palavras eram enganosas, no fundo eu sabia isso, mas suas palavras pareciam tão deliciosas, seu corpo parecia tão tentador que estava prestes a sucumbir quando um gosto terrível veio a minha boca, senti o gosto de uma sopa que não lembrava de ter tomado, não era aquela que haviam me servido aqui, tinha uma familiaridade, um lugar, com os símbolos algo que me recordava o motivo de estar ali e de não poder confiar nela, então uma lembrança me veio a cabeça, um velho que e uma criança que provavelmente era eu, um machucado e um símbolo sagrado, retirei a minha blusa e havia uma cicatriz em meu corpo, comecei a apertar e senti algum tipo de metal, então escutei umas palavras em minha mente:
- Sua fé verdadeira irá te salvar.
Aquilo não queria me dizer muita coisa, mas peguei a colher que estava ali junto à sopa que havia tomado e enfiei em meu corpo para retirar aquele pedaço de metal que eu podia sentir, depois de um grande sacrifício consegui retirar, um pequeno pedaço de ferro com um homem, como ele estivesse crucificado, ai uma outra imagem veio a minha cabeça do mesmo senhor dizendo:
- Não importa no que acredita a sua fé sempre te salvará quando menos puder ver.
O que aquilo estava me mostrando eu não sabia, mais iria descobrir.
Parte Final
Tudo aquilo era muito confuso, e agora eu estava ferido, ao ver o pequeno objeto ela começou a gritar, pedindo ajuda aos outros dizendo que eu estava lembrando de muitas coisas, não entendia o que ela estava falando, mas encostei o crucifixo em sua testa e ela ajoelhou-se em meus pés sem conseguir gritar, vendo o poder do objeto disse:
- Pelo poder daquilo que me protege e naquilo que acredito peço que não mais queira prejudicar a minha pessoa e nem as outras e que aqui entregue-se por sua maldade.
Não entendia o que estava dizendo nem sabia o porquê estava dizendo, mas senti que era o necessário, assim como foi, o corpo da criatura uma energia estranha começou a emanar e sair, deixando a moça caída a meus pés inconsciente, não sabia o que aquilo queria dizer, mas fiz um curativo em meu corpo com o que estava saindo de meu sangue desenhei em meu corpo os símbolos, e abri a porta, haviam vários deles a minha espera, tentei lembrar o que significava realmente aquele símbolo para mim e uma oração veio a minha mente, comecei a recita-la repetidamente e a andar, conforme andava eles se afastavam, até que sai da casa e havia muitos deles.
Pareciam prontos para me pegar estavam preparados para me matar, até que um deles veio correndo em minha direção com uma espada, respirei fundo e não parei de recitar a oração, sabia que era disso que aquele homem que havia visto em minha lembrança de infância havia falado, quando ele se aproximou mais pude ver a mesma energia saindo de seu corpo e o homem caindo no chão inconsciente como a moça.
Conforme andava escutava uma voz dizendo:
- Tem certeza do que está fazendo, acredita mesmo que essa oração vai protegê-lo de tudo e de todos que estão aqui.
Mas o medo não deixava escutar nada a minha volta nem ninguém, tinha que sair dali o mais rápido possível, quando longe escutei um grito:
- Se ele não vai servir a nós que não sirva a ninguém, matem-no.
Estavam todos receosos de se aproximar de mim depois do que viram, tinham medo que o mesmo acontecesse a eles, quando um arqueiro ao longe puxou uma flecha e atirou em minha direção, sabia que daquilo talvez não fosse escapar, quando de repente a vi ela mudar a posição e escutei uma voz vinda da floresta gritando:
- Corra iremos cobrir sua fuga.
Era tudo o que precisava naquele momento uma ajuda, comecei a correr sem parar, atrás pude ver que algumas lanças e flechas estavam sendo atiradas contra mim, mas alguém estava me ajudando a escapar, eles estavam me perseguindo para ver até onde conseguia correr e rezar quando vi um grupo a minha frente e uma palavra me veio a cabeça Dalian, eu me lembrava deles de algum lugar e senti que poderia confiar neles, as criaturas humanas que me perseguiam pararam e eles me ajudaram a sair daquela floresta me levando até uma casa distante dali onde um parente deles iria me ajudar a recuperar minha memoria.