sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Conto 9 - Parte 3

Yoshida ainda era um jovem com seus quase onze anos de idade, mas já sabia muito bem o que iria deixar acontecer e o que não iria deixar, quando escutou alguns gritos acordou seu irmão e lhe disse para se preparar por que eles eram os únicos preparados para enfrentar aquelas pessoas, a muito tempo atrás os dois haviam encontrado uma velha espada com um pouco de ferrugem que havia sido perdida ou abandonada por algum samurai que não estava mais conseguindo levá-la, pegou a espada e disse para seu irmão:

- Agora é hora de mostrarmos para todos o quanto nossa brincadeira serve para alguma coisa.

Sasaki preocupado com o que poderia acontecer com seu irmão correu para tentar ajudá-lo, ao sair de sua casa viu alguns camponeses tentando enfrentar os ladrões mais sem muito êxito, com a espada cambaleando em sua mãos foi correndo ajudar, empunhar uma espada não era tão fácil como a enxada que estava acostumado, mas com toda confiança que possuía, junto a sua fraqueza foi para cima de um dos bandidos, que com muita facilidade desviou da espadada segurando-a com uma de suas mãos e o chutou para longe, empunhou e espada e lhe disse:

- O que você pretendia fazer com essa porcaria velha garoto? Tudo bem que você parece ter mais coragem do que qualquer camponês idiota desse vilarejo, por isso vou ter dar a chance de morrer com honra de perder essa luta, com a espada que tentava usar.

O ladrão se aproximou de Yoshida que estava caído no chão e virou a espada para matá-lo, mas o que nenhum dos dois esperava é que Sasaki estava ali escondido vendo o que acontecia, e não só isso ele a muito tempo sabia que possuía uma ótima habilidade de batalha, algo como natural em seu ser, só que nunca havia revelado para não magoar seu irmão, mas a escolha de magoá-lo ou perde-lo era fácil para Sasaki que com duas foices de mão cruzadas travou a espada quebrando-a ao girar o corpo e com o mesmo movimento passou as duas foices na barriga do bandido.

O vilarejo quase todo destruído quando os samurais de Ono chegaram, muito haviam sido mortos, assim como os pais dos garotos Yamada, mas muitas vidas haviam sidos salvas, pois quando Yoshida viu o que seu irmão era capaz de fazer pegou a espada que o bandido possuía e falou:

- Ninguém poderá conosco meu irmão, seremos invencíveis.

Assim quando Ono ficou sabendo da proeza das duas crianças e da situação em relação aos seus pais resolveu que eles seriam treinados e viveriam com ele a partir daquele momento, que causou a felicidade e a tristeza de Yoshida, pois poderia ficar perto de Aika, mas com o passar dos anos, Aika que era filha única de um pai cheio de afazeres arrumou em Yoshida e Sasaki o que ela nunca tinha tido antes irmãos. E Yoshida percebendo os sentimentos de Aika tentou reprimir seu sentimento e descontar sua frustração no campo de batalha.

Conto 9 - Parte 2

Yoshida e Sasaki Yamada diferente da maioria dos samurais não nasceram em uma família nobre, nem possuíam algum senhor nobre que por algum apreço com eles os treinaram, muito pelo contrario, os dois eram filhos de camponeses e estavam sendo criados para serem tais como seus pais, eles viviam em um vilarejo afastado servindo ao senhor Ono Tamura, que até onde o conheciam era uma pessoa muito respeitosa e generosa.

Yoshida desejava muito ser como os grandes samurais, lutar em belas batalhas, usar poderosas armaduras e ter uma bela donzela que o amasse e cuidasse dele como se fosse tudo que existisse no mundo, Sasaki como um bom irmão mais novo vivia sempre atrás de seu irmão, treinavam junto, mas sempre nos momentos em que dava, pois logo que seu pai encontrava os dois matando o serviço e gastando o tempo com o que ele considerava sandices, logo saia atrás dos dois falando:

- Sonhos não colocam comida na mesa, coloque os seus pés no chão assim como seus olhos e nunca se esquece de que isso que vê será a sua vida e aquilo que está acima da realidade continuará lá, assim é a vida e assim ela sempre será.

Yoshida nunca ouviu realmente o que seu pai dizia, dentro de seu corpo ele sempre soube que algo aconteceria e que sua vida não se limitaria aquele lugar e tudo estava para mudar quando um dia a filha de Ono, Aika Tamura estava passando por ali voltando para casa de uma visita a casa de uma tia de sua mãe que já era falecida na cidade de Osaka, mesmo ainda sendo uma criança seus olhos se iluminaram ao ver a imagem daquela linda garota, no mesmo momento ele olhou para seu irmão e lhe disse:

- Sasaki, pode esperar um dia eu serei um samurai e aquela garota será a mulher que ficará ao meu lado.

Sasaki admirava muito seu irmão, mesmo não acreditando muito em seus sonhos, mas o que nem Sasaki esperava e muito menos Yoshida iria mudar a vida dos dois de forma drástica e não muito agradável.

Um grupo de bandidos estava atacando pequenos vilarejos na região, mas até o momento eram apenas boatos, ainda mais por que a fama de Ono Tamura era algo que poucos tentavam enfrentar, só que aquele grupo já não se importava muito com boatos e no meio da noite o vilarejo começou a ser atacado, o problema não era o de que eles fossem saqueadores, por pior que fosse ser roubado, eles eram sádicos que adoravam roubar, e destruir, não deixando nada e nem ninguém para contar o que aconteceu.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Conto 9 - Parte 1


O período Tokugawa estava sofrendo com um grande declínio, alguns países começavam a forçar ao Japão a deixar suas antigas crenças e cultura para trás e começar uma nova era se apoiando em uma cultura não diferente da que eles acreditavam que era a correta, muitos não estavam satisfeitos, mas haviam alguns aristocratas que estavam começando a simpatizar com a idéia, e no meio de toda esta confusão se encontravam os “guardiões do céu”, como eram conhecidos, um grupo de Samurais, guiados por Sato Nakayama, o mestre do estilo Kiroshi, diziam que quando ele começava a lutar se tornava invisível e ser seu oponente era encontrar a morte, por conta de algumas lendas não só de seu nome mais também de seu grupo acabaram se tornando um grupo muito respeitado entre os samurais.

O problema que todo o respeito pelos samurais e pelo seu código de honra o Bushido, já não estavam mais sendo de tanto valor como era e a maioria dos samurais não estavam aceitando aquela mudança, assim como o Xogun Tokugawa, os Guardiões do Céu estavam prontos para o que fosse preciso para defender a Era Edo. Tudo estava uma grande confusão, mas a confusão maior não era política, muito menos de proteção ao futuro do Japão e sim um problema do coração, a filha do aristocrata Ono Tamura, a senhorita Aika Tamura estava prometida para outro aristocrata que estava muito envolvido com a restauração do governo e seu pai, que não era nem um pouco inteligente estava tentando ficar bem dos dois lados da disputa pelo controle do Japão, já que dois dos Guardiões do Céu haviam sido criados embaixo de suas assas.

Uma filha de um aristocrata se casar com outro aristocrata seria a coisa mais normal de todas se não fosse pelo fato de que a senhorita Aika era na verdade o grande amor de Sato, mas não um amor daqueles que vem de uma admiração de um enquanto a outra parte desconhece os sentimentos, os dois a muito tempo haviam se encontrando escondido para alguns passeios a dois para admirar as belas sakuras. Os dois se preocupavam tanto com as reprovações que poderiam existir com o relacionamento dos dois que até mesmo seu grupo não sabia que os dois se relacionavam, mas tudo veio a tona quando a noticia de que ela se casaria deixou o controlado samurai em um desesperado apaixonado, seu nervosismo se tornou claro para seus companheiros que o conheciam muito bem, pois já estavam a muito tempo juntos, e o que os dois mais temiam era um problema do passado.

sábado, 7 de agosto de 2010

Conto 8 - Parte Final

Tive que partir naquele dia, mas acabei voltando muitos outros, para tentar ajudar as pessoas que estavam ali, se algo de bom vinha do que eu podia fazer eu tinha que conseguir fazer o quanto mais eu pudesse, assim tiraria de minha cabeça o lado ruim de possuir este dom.

Algumas pessoas começaram a me olhar estranho, uma vez outra me viam indo ali e me olhavam de forma estranha, minhas amigas começaram a achar estranho que todos os dias eu estava seguindo para o outro lado e elas acharam que eu não estava mais querendo a amizade delas, mas não era nada disso, eu só estava tentando resolver aqueles problemas, tinha que tentar pelo menos encontrar algum deles que pudesse me ajudar, já que eu comecei a entender um pouco melhor as coisas a partir do que eu aprendi naquele lugar.

Continuei por mais algum tempo a fazer a mesma coisa, ir até o cemitério e ajudando os mortos, arrumei algumas desculpas para minha avó para que ela não ficasse nervosa comigo de estar passando as tardes fora de casa, eu havia entendido meu dom e agora iria usá-lo.

Tudo isso era o que eu acreditava, até o dia que eu me encontrei com aquele homem que havia sido uma das primeiras almas a encontrar, ele me olhou mais velha sorriu e disse bruscamente:

- O que você ainda faz aqui garota? Esse não é o seu lugar.

No mesmo tom em que ele me falou eu respondi:

- Este é o meu lugar, eu possuo um dom para ajudar aqueles que como você estão neste lugar e não sabem para onde devem ir.

Foi quando ele riu ainda mais de mim. Rapidamente ele se aproximou, tão rápido que nem pude ver seu movimento, mas pude senti-lo vindo, ele segurou minha mão e disse:

- Você acha que seu dom é para ajudar alguém como eu? Eu rejeitei o céu eu recusei o inferno aqui é o meu lugar, agora os outros, seu dom não é para ajudar os mortos, a vida é como um caminho, uma linha que se segue e o que você ainda não entendeu é que na realidade sua maior capacidade é a de ver o caminho que as pessoas irão seguir na sua vida, o seu maior dom é ver o futuro daqueles que estão presentes, e por coincidência o caminho daqueles que estão aqui é não estar aqui.

Todas aquelas palavras me espantaram muito e eu passei muito tempo para entender exatamente o que era aquilo e ainda mais poder utilizar todo o potencial que aquele senhor disse que eu possuía, mas então eu consegui entender que na verdade eu era um Oráculo.