sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Conto 12 - Parte 6

A primeira coisa que vejo no meu perfil é a falta de pessoas próximas que facilmente passaria desapercebido e quando procurado não terá alguém que se importe tanto causando algum problema, tudo bem pensar em discrição é algo que não deve existir, mas sua discrição deve ser fora de seu picadeiro, então deve procurar alvos iguais a ele, que em seu habitat é de uma forma fora dele é outra.

O que é ser igual a ele? Meu ego pode ser um problema, mas é provável que ele veja que as pessoas que estão sós, com pouco contato externo, mas que de alguma forma tenham um potencial, ou bom ou ruim, uma coisa atrai ele, pessoas felizes de mais ou infelizes de mais, ele deve buscar um ou o outro, ai entra o ego se ele acredita que é bom de mais busca desafios, pessoas que ele veja que não estão sendo felizes e ele acredita que com sua grande capacidade de fazer todos rirem poderá mudar isso, mas pode piorar a situação se ele acredita que não é bom o suficiente, pois ai ele vai querer provar que é bom o suficiente pegando pessoas felizes de mais para rir facilmente, ele é um insatisfeito com a vida, e por conseqüência de algum distúrbio de seu passado ele acabou desenvolvendo uma forma de compensar sua frustração, que é a de fazer o que deseja e ser o que sempre quis, que traz outro problema, provavelmente ele não foi aceito ou aprovado naquilo que ele desejava fazer, agora ele escolhe alvos e com eles acaba compensando o que não teve, aquilo que ele não conseguiu antes, e provavelmente terminado o que está fazendo com o outro será a minha vez.

O que fazer agora, não posso me tornar desinteressante e muito menos interessante de mais, já que pode acabar de uma forma ruim para minha pessoa, tenho que evitar a morte, mas não vejo meios de sobreviver, vou sair, não vou fugir, vou procurar, vou criar uma inversão, se ele acha que está caçando vou torná-lo caça, tenho que entender o sistema da sua plantação para me guiar como ele, mas fugir acho impossível, assim vou me encontrar com ele e me mostrar interessado no seu jogo e se possível mudá-lo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Conto 12 - Parte 5

Temos que começar por aquilo que consegui ver, roupa branca com bolas coloridas e um cabelo vermelho que até no escuro aparece, imagem mais próxima que consigo pensar, é muito estranho, ele não poderia andar pelo mato, caçar sem ser percebido vestido como uma palhaço, pois a única coisa que consigo imaginar vestida assim é um palhaço, dos mais macabros.

Isto vai confundir um pouco minha percepção, pois como um palhaço faria tudo isto e poderia ter o perfil que construi até agora, tenho que por um momento desligar o que conheço por palhaço sem esquecer completamente para conseguir montar um perfil mais especifico deste cliente bizarro.

Palhaço – Aquele que busca alegrar as pessoas que o assistem, aquele que transforma se mesmo em motivo de piada, se tornando um trapalhão, para visão básica de palhaço isto basta, agora colocar essa imagem em alguém que gosta de causar dor, que assiste os movimentos, que é o espectador e não o espetáculo.

Vingança, a única palavra que consigo pensar de imediato, provavelmente ele é um palhaço que não conseguiu satisfazer o publico para quem se apresentava um palhaço frustrado que para se vingar das pessoas ele cria com elas um show que os deixa na mesma situação que ficou a não agradar, o sofrimento, então ele associou o sofrimento, a satisfação diretamente a dor, ele tira da dor dos outros a alegria, por que provavelmente através da dor que ele encontrou alegria.

Agora piorou a situação, por que se fosse apenas vingança, se tudo o que pensei esta correto ele não continuaria a caçar, algo o motiva a continuar a ponto de buscar novas pessoas para sua diversão, por que ele me escolheria, se tudo o que pensei estiver certo e tudo o que ele é esta na estrutura da situação preciso descobrir o que o motiva a escolher,só encontrando como ele escolhe, qual o perfil da pessoa que ele seleciona para seu jogo eu vou conseguir agradá-lo e agradando ele será desagradado e assim conseguirei algo novo, posso morrer das duas formas, mas pelo menos tenho que lutar até o ultimo instante.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Conto 12 - Parte 4

Depois de algum tempo “dormindo” tive que deixar o corpo quase cair para chamar atenção, provavelmente sua atenção estava em meu companheiro de situação, isso poderia ser um problema para ele, já que duas pessoas soltas poderiam ser adversários e não alvos, mais ainda escutava os gritos, dava para sentir uma dor muito intensa no som da voz, era melhor agir como se estivesse desmaiado de cansaço, já que ninguém dormiria com aqueles gritos.

Meu corpo estava a ponto de cair, meus braços quase soltos, quando senti uma corda entre meus braço puxando meu peito para trás, com toda calma do mundo abri levemente os olhos, devagar sem fazer movimentos bruscos tentei ver o que estava me colocando no lugar, só pude ver no meio daquela noite escura um grande cabelo vermelho e uma roupa de bolinhas, fundo branco de bolinhas coloridas, naquela posição não poderia ver mais que isso, sem que fosse notado.

Agiu de forma rápida e como se fosse um profissional nisso, e partiu, os gritos estavam se tornando de quem esta fazendo força novamente, depois mais gritos e um suspiro final, como se tivesse se libertado dali, admirei a garra e a coragem de sua gigantesca força, e esperei que ele conseguisse sobreviver, mesmo acreditando em meu intimo que isso não iria acontecer, provavelmente meu cliente perturbado iria descontar a frustração de seus planos terem falhados em nós, e o primeiro a ser punido seria ele.

Como pensei os sons começaram, primeiro um estrondo forte de uma queda, acreditei que havia se libertado, depois barulho de mato sendo movimentado, outra coisa que me chamou muito a atenção, quando ele anda o milharal não se movimenta, ao contrario de meu ex companheiro de situação que agora se encontrava em grande desespero, que pelo som acabou, já que a única coisa que movimentava o milharal era o vento e não mãos brutas de desespero.

Rápido, letal e cruel, esse era meu cliente, quase tão sinistro quanto a um assassino daqueles filmes que acreditamos nunca existir, todo e menos barulho era evitado e com apenas alguns segundos se está caído no chão morto sem saber pelo que foi atingido, como um bom assassino profissional, foi então que me lembrei, eu tinha visto meu cliente, precisava analisar o que havia visto, mesmo que pouca coisa.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Conto 12 - Parte 3

Os gritos estavam ainda mais fortes, até que pararam por um momento, primeiro eram gritos de quem estava tentando pedir ajuda como se fosse existir alguém para ajudar, em seguida começaram os gritos de quem está tentando se libertar desta condição.

Nada mais difícil do que analisar uma situação as escuras, imaginando que ele esteja assim como eu preso em uma cruz, pelos gritos de socorro imagino que as correntes não estejam tão soltas quanto a minha, provavelmente ele analisa o alvo para saber como agir e para tentar prever quem será o primeiro e quem será o segundo, já que se os dois se libertarem ao mesmo tempo poderia ser um problema, deduzindo que maneira só um escapasse para não ter problema algum ele não deve gostar quando isso foge ao seu plano, talvez eu pudesse contar com a ajuda da outra pessoa para conseguir escapar, mas isso deve ser previsto, já que ele me pareceu muito metódico, preciso me concentrar, pensando que ele está mais preso do que eu, provavelmente deveria se soltar ou até mesmo despertar depois, uma mudança na entonação dos gritos tira minha atenção de meus pensamentos, gritos de dor, provavelmente está tentando sair, mas não houve barulho de queda só os gritos, pela proximidade do som deve estar perto, já que a meio tantos fatores ambientais posso ouvir mesmo que distante.

Outro grito, provavelmente ainda tentando escapar, deve estar tentando se libertar, depois de um tempo de descanso, desta vez parece que houve algum resultado ele mudou o tom da voz, parece sons de uma pessoa que está malhando e grita para ter mais força, como se estivesse preste a tomar uma atitude, os sons pararam, deve ter parado um pouco, meu corpo começa a ceder mais ainda, movimento minha mão para manter-me mais preso sem demonstrar que quero ficar ali, penso em chamar a atenção de meu companheiro de situação, mais acredito que isso só vai levar a outro método já previsto pelo meu cliente, os sons de esforço continuam por algum tempo, acho que se cansou de mais e seus braços devem estar machucados pelo movimento com a corda, já que meus braços estão amarrados a uma corda e a uma corrente que está larga, ele deve estar sangrando mesmo que pouco, isso fará fraco, ainda mais com o cair da noite, não posso dormir de forma alguma.

Tudo se acalma e o som da noite parece o de uma calmaria se não fosse minha situação, escuto sons de martelo, sons fortes de batida, mais nada de gritos provavelmente não era em meu companheiro de situação, quando algumas horas depois um som muito forte de dor, as marteladas devem ter feito algo, dava para sentir a agonia nos gritos, a dor o desespero, provavelmente foi usado algum tipo de remédio para não deixá-lo acordar durante as marteladas, talvez a mesma coisa que foi usada para nos trazer até aqui, tinha que fingir estar dormindo para conseguir tentar ver algo.