sexta-feira, 15 de abril de 2011

Conto 13 - Parte 3

Julius saiu do prédio e viu aquela multidão que caminhava como se estivesse em esteiras rolantes, seguindo na mesma direção sem comentar nada, sem falar um com o outro, um bando de eu, lembrou-se dos animais obedientes que seguiam o caminho sem saber o por que.


Sorrindo e sem fone começou a andar de costas, ainda no fluxo, mas seu esforço foi em vão, as pessoas que andavam não perceberam sua mudança, era como se ele estivesse agindo como todos os outros, não satisfeito saiu do fluxo da multidão, deixou de lado completamente o que todos faziam e começou a andar na direção contraria e mesmo assim parecia não causar efeito algum.


Fez um caminho diferente e chegou no trabalho algum tempo depois do habitual, demorou mais tempo no almoço, pois resolveu caminhar depois de comer e depois do trabalho ficou um pouco mais do expediente para compensar o atraso.


Começou a trabalhar de pijama, bermuda, entre outras roupas que não condiziam ao comum no trabalho, mais parecia que não afetada ninguém, nada mudava, tudo seguia a mesma rotina não importava o que ele estivesse fazendo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Conto 13 - Parte 2

Julius não se aquentou de ver aquele lindo amanhecer e não comentar com ninguém, e naquele dia resolveu sair e escutar os sons da rua, das pessoas, da cidade, nada de som selecionado que o fizesse ser eu, Julius era Julius e queria saber quem são os outros, não só o eu chefe, não só o eu ajudante, mas quem realmente eram aquelas pessoas, começou a se arrumar para o trabalho, isto ele acreditava não poder deixar de fazer, mas resolveu fazer tudo diferente, comer, tomar banho, se arrumar tudo com ordens invertidas da sua rotina diária, ele ia mudar tudo.


Estava muito entusiasmado com tudo que até abriu a janela a prova de som e escutou todos aqueles barulhos, não só de um eu, mas de todos os nós que fazem parte daquela cidade linda em que viviam.


Mudou toda a sua rotina e estava pronto para sair, fechou a janela para que não chovesse dentro de sua casa encarpetada, pois liberdade era uma coisa, sujeira outra.


Estava pronto, abriu a porta e por habito estava pegando seus fones, olhou para o fono, olhou para porte e o deixou ali, do lado do mesanino e saiu pela primeira vez sem fones como se estivesse se libertando, nascendo novamente.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Conto 13 - Parte 1



O mundo do eu era um lugar tranqüilo e feliz, onde não havia discriminação, não havia violência, não havia discórdia, governo, corrupção, não havia muita coisa no mundo dos eu, mas o que mais não existia no mundo dos eu era nós.


No mundo dos eus todos acordavam de manha em suas casas sozinhos ou acompanhados tomavam seu café da manha pegavam seus aparelhos musicais colocavam em seus ouvidos e saiam para o trabalho, em seus trabalhos ficavam em suas cabines frente ao computador, na hora do almoço recolhiam suas comidas de maquinas de comida, iam para o refeitório, comiam e voltavam ao trabalho no fim do expediente iam para suas casas, jantavam e antes de dormirem faziam companhia ao seu aparelho de televisão, ligado sempre no mesmo canal, pois só há um canal no mundo dos eus, sempre sozinhos ou acompanhado de outros eu, isso não importava muito já que no fundo aquele aparelho transmissor de imagem era a única companhia do eu, sendo ela aquela que falava e o eu aquele que escutava.


Tudo corria muito bem e todos os dias os eus acordavam, seguiam seu dia normal, como todos os outros, uma rotina em que ninguém se imcomodava, é que ninguém se incomodava até que um belo dia Julius, um eu entre tantos olhou para o céu e sentiu uma vontade estranha de comentar como o céu estava bonito, mas Julius morava sozinho.