sexta-feira, 25 de junho de 2010

Conto 8 - Parte 2

Ainda não havia entendido o que aquele primeiro sonho queria me mostrar, mas aquele segundo sonho talvez conseguisse me mostrar algo, até mesmo por que através dele comecei a entender o que estava acontecendo mesmo que de forma simplório passei a acreditar um pouco mais no que meus sonhos me revelavam, mas ainda de uma forma prematura via como se tudo aquilo estivesse acontecendo sem me influenciar em nada.

Na primeira noite o sonho começou em um aeroporto, eu estava sozinha, não havia nada nem ninguém, somente eu e o aeroporto, quando das janelas de vidro que dão vista para os aviões uma forte luz como se estivesse um grande festejo de final de ano com muitos fogos de artifício estivessem estourando ao mesmo tempo, o problema que toda aquela luz sobre meus olhos serviam como a luz do sol e acabaram que acordando, depois não sonhei com mais nada.

Resolvi que o melhor a ser feito naquele dia era contar para meus pais os sonhos que estava tendo, seria uma grande revelação até então eu só acordava no meio da noite sem saber o que estava acontecendo, agora poderia contar para eles o que acontecia, mas quem acredita em uma criança de seis anos que está prestes a se separa dos pais por algum tempo? Foi exatamente o que eles fizeram, após contar os sonhos eles me abraçaram, riram e disseram que era por que iam viajar e eu não queria me afastar deles, como se eu já não sentisse que a resposta seria aquela, mas eu sabia que não era só isso, eu sabia que era algo a mais.

No outro dia eles partiram em sua viagem, eu sabia que algo aconteceria, mesmo sendo muito pequena eu sentia que eles não iam mais voltar, dentro de meu corpo algo estava tocando muito forte avisando que uma desgraça ia acontecer.

Eu estava na casa de minha avó materna quando algumas pessoas começaram a chegar, muitos sussurros e múrmuros, agiam como se estivessem me protegendo de algo, não como se não houvesse a intenção de me proteger, mas o que eles não sabia era que não tinham mais como me proteger do que havia acontecido, o ultimo sonho que eu havia tido, antes deles partirem havia me revelado exatamente o que iria acontecer e eu sabia que foi exatamente o que aconteceu, foi quando vieram com toda a delicadeza do mundo e me falaram que tinham algo para me contar, me abraçaram, estavam muito mais nervosos do que eu, então contaram a tragédia que havia acontecido, meus pais haviam sofrido um acidente e não haviam sobrevividos.

Estranhamente eu não chorei e nem mesmo fiquei triste, foi como se eu estivesse vendo uma noticia que já passou, algo passado que não poderia me abalar.

Alguns dias depois houve o funeral, não queriam que eu fosse, mas eu pedi para ir, depois de algumas desavenças entre levar e não levar acabaram aceitando e me levaram, acharam que pelo fato de ter seis anos de idade eu talvez nem mesmo lembrasse daquela imagem, por que acreditavam que eu ainda estava em estado de choque, já que não havia apresentado nenhuma reação, então permitiram que eu visse seus corpos pela ultima vez.

Consegui ir ao cemitério onde os velavam, como se meu corpo me conduzisse para aquele lugar, realmente foi à coisa certa a fazer? Até hoje eu questiono se aquela atitude foi à melhor para minha vida, pois naquele momento eu tive o verdadeiro contato com esse meu Dom/Maldição.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Conto 8 - Parte 1


Por onde começar a minha historia é um grande problema, pois não sei se faço o padrão ou começo pelo surgimento do que me tornei, já que os dois se confundem com o meu surgir com ser neste mundo.

Eu era filha de uma família normal e feliz, papai, mamãe, avós maternos e paternos, nossa situação financeira não era das piores, meu pai possuía um cargo alto em uma grande empresa, tudo parecia e até então era perfeito. Até que tudo começou, até em tão eu não conseguia entender o que estava acontecendo comigo ou o que eu era a partir de todas aquelas coisas.

Todas as noites em que me deitava tranqüila para dormir, mas acabava acordando nos braços de minha mãe e, ou meu pai, falando desta forma fica dando a impressão que se trata de uma pessoa velha, um adolescente ou algo parecido, mas corrigindo os fatos, isso era muito pelo contrario, nesta época que estou citando eu era apenas uma garotinha de quatro anos de idade, como lembro de tudo com tanta clareza é um mistério até para mim. Mas voltando para o assunto, o mais estranho de tudo não era o fato de acordar desesperada sem saber o porque e sem entender o que estava acontecendo, o estranho é que eu lembro tão claramente do que acontecia, mas naquele momento eu não lembro de nada do que eu havia sonhado, como se aquele desespero e meus pais em meu quarto me acalmando fossem completamente sem sentido, tudo bem que poderia dizer que não lembro dos sonhos por que ninguém poderia me contar o que sonhei e o que eu acho que lembro são memória que adquiri por que alguém me contou o que acontecia, mas o problema é que ninguém nunca me contou isso, eu simplesmente lembro que acontecia.

As noites mal dormidas continuaram até que completei seis anos, tudo para mim não mudava, eu acordei durante dois anos com meus pais em meu quarto, passei por alguns médicos para ver o distúrbio do sono como eles chamavam, mas nada resolvia o problema, era sempre a mesma cena no meio da noite, até o meu aniversario, exatamente no dia do meu aniversario eu recebi o maior presente de minha vida e muitas vezes eu me pergunto se não é esse o pior presente que recebi em minha vida, foi como se ao completar seis anos algo em mim despertasse, como se estivesse se liberando de algo que a muito estava aprisionado, como se eu tivesse vivido esse muito, e essa libertação fez com que eu pudesse ver o que acontecia em meus sonhos, todas aquelas telas pretas que se passavam durante a noite começaram a ganhar luz e agora eu podia ver o que acontecia, depois de muito tempo entendi que não eram só pesadelos, mas naquele momento eram apenas isso, o problema deste tipo de presente é que eles não vem acompanhado de manual de instruções como todos os outros.

Voltando ao aniversario, não sabia dizer se aquela festa deveria ter sido comemorada ou excluída, já que recebi meu dom maldição, um belo sonho escuro, onde só conseguia ver meus país de mãos dadas se distanciando cada vez mais, meus olhos se enchiam de lagrimas e eu gritava: “Pai, Mãe”, quando acordei mais uma vez estava no colo de meus país, mas desta vez lembrado do sonho e não só isso, foi neste momento que eu entendi o que havia se passado em todos os outros anos.

Durante muitas noites eu acordava com o mesmo sonho, mas algo estava mudando em meu corpo, em minha consciência, eu não estava mais acordando no meio da noite gritando ou chorando, acordava apenas com o coração acelerado como alguém que esta vendo uma cena de ação se agita ao vê-la mais não participa, e ao mesmo tempo não consegue entender muito, pelo menos não conseguia entender muito naquele momento, até que um dia ao chegar do trabalho meu pai veio com a noticia que sua empresa ia lhe mandar para uma viagem e ele levaria minha mãe nesta viagem, que seria curta, coisa de uma semana e eu que havia começado a pouco tempo na escola ficaria com meus avôs maternos neste período, naquela noite meu sonho mudou.

sábado, 12 de junho de 2010

Conto 7 - Parte Final

Não sobrava mais nada, então para que lutar por algo, ainda era casado no papel, ainda sobrava uma solução final para tudo aquilo. Eu ainda possuía um seguro de vida, não poderia mais pagar por ele, mas o que já estava assegurado permaneceria, o problema seria como eu faria algo nas condições que eu me encontrava.

Passei o dia todo pensando no que fazer e no como fazer para solucionar aquilo, fui até um parque para poder pensar melhor no que eu deveria fazer, ali pelo menos que poderia ter um pouco de paz nos meus pensamentos para clareá-los um pouco.

Cheguei na beirada de um lago que havia no parque e fiquei ali, minhas mãos estava machucadas de tanto andar com aquela cadeira para todos os cantos sem parar, quando um homem estranho, bem arrumado, bonito e com um perfume um pouco estranho apareceu para ao meu lado,ficou um tempo ali sem falar nada e me disse:

- Há muito tempo que está nessa condição?

Estava tão distante que olhei para ele e perguntei:

- O que foi que disse?

Ele perguntou novamente e eu estranhando aquilo acabei respondendo:

- Não faz muito tempo que me encontro desse jeito não, mas depois de muito pensar acredito que quando recebemos alguma coisa no mundo é por algum motivo maior que muitas vezes não sabemos muito bem o qual e acredito que já encontrei o meu.

O homem sorriu e disse:

- Se não fosse muita intromissão poderia perguntar o que?

Sorri novamente e lhe respondi:

- Fiz muitas coisas erradas na minha vida, magoei quem não devia e tentei agradar quem não devia e cheguei a essa condição por conta de tudo isso, acredito que essa cadeira de roda me deu a chance de fazer a coisa certa.

O homem se virou e antes de partir disse:

- A vida é cheia de caminhos, só nos basta encontrar o caminho certo a seguir.

Não entendi o que ele quis dizer muito bem, mas a cadeira começou a andar sozinha e em direção ao lago, não era como eu esperava resolver tudo aquilo, mas foi o destino que me trouxe até aqui.

Quando comecei a afundar no lago por que minhas pernas não podiam me ajudar já que não podiam se movimentar comecei a entrar em desespero, comecei a me debater e como em um passe de mágica acordei em uma cama de hospital, na mesma cama que havia acordado depois do acidente, mas com uma diferença vi o rosto de minha amada na minha frente e ao me ver seus olhos cheios de lagrimas sorriram para mim dizendo:

- Achei que você nunca mais ia acordar depois do acidente com o carro.

Conto 7 - Parte 6

Depois de passar algum tempo na rua pensando no que era melhor a fazer resolvi que deveria passar mais uma noite em algum albergue publico e depois pensar melhor no que fazer.

Só que aquela noite foi uma noite nada agradável, o local que eu tinha encontrado não era ruim e as pessoas não eram tão mal educadas como aquele primeiro que eu havia encontrado, mas o meu problema não foi com o local e com as pessoas, foi com minha própria mente.

Durante o sono as imagens do acidente começaram a me assombrar, era fechar os olhos que eu começava ver o carro rodando na pista, só que o estranho daquele sonho é que o carro não rodava para frente e sim para trás como se estivesse voltando tudo.

Estava complicado dormir, por que não era só o fato de estar vendo o acidente eu estava sentindo todo o pavor de estar passando por aquele acidente e eu não queria sentir tudo aquilo de novo, tentei ficar acordado mais estava muito cansado, ainda não havia me acostumado com aquela cadeira e não é nada fácil andar empurrando uma cadeira assim o dia inteiro.

De tanto cansaço meu corpo sem que eu desejasse me fez pegar do sono de uma só vez e o pesadelo começou, e realmente estava tudo ao contrario o acidente estava voltando como se fosse para que eu visse tudo o que tinha acontecido novamente, cada parte como se em câmera lenta eu visse o que eu fiz, como fiz, mostrando os erros que cometi para acabar naquela situação, mas quando todo o acidente acabou eu achei que o sonho acabaria também, mas pelo contrario as coisas continuaram retrocedendo, comecei a ver tudo o que eu havia feito naqueles dias antes do acidente, a minha chefe querendo ter uma relação mais do que profissional comigo, eu não sabendo como reagir com tudo aquilo, o voltar para casa e tratar minha mulher mal como se ela tivesse culpa do que estava acontecendo o não voltar para casa para tentar evitar o que estava acontecendo, dormir em qualquer lugar para que os problemas na família que eu estava causando não se repetissem, as festas da minha filha que eu não compareci por estar trabalhando, as datas comemorativas com minha mulher que eu não compareci por que a chefe queria que eu ficasse no escritório até mais tarde para tentar conseguir o que estava desejando, a minha vontade de ficar com ela que quase se concretizou, por que todos os meus erros, minhas falhas como pai, marido e pessoa estavam aparecendo para mim naquele momento, já não era o suficiente eu estar naquela cadeira de rodas, desempregado e sem coragem para voltar para casa.

Era por tudo isso que eu não podia voltar para casa, eu já tinha causado tanto mal a minha família que eu não poderia ser mais mal a elas novamente, o problema de se pensar em nós mesmo por muito tempo é que quando olhamos para trás percebemos que não temos mais a chance de recuperar o que perdemos, pois todas as chances que nos foram dadas nós recusamos por estar cego para o mundo que nos rodea.

Quantas vezes deixei de jogar tudo pro alto com medo de arriscar e o que eu amava ficou em segundo plano, quantas vezes agüentei calado besteiras para não sofre certas conseqüências enquanto causava conseqüências piores para aqueles que amo, e no fim acabou como acabou, perdi tudo aquilo que lutava para manter e abandonei tudo aquilo que lutava para me manter e tudo por nada.

Desculpas

Venho me desculpar com aqueles que gostam de ler os contos que escrevo por não ter publicado nada na semana passada, mas por motivos de doença acabei não publicando nada e para compensar o que ficou atrasado essa semana será publicado duas.

Atenciosamente

Sr. dos Contos