sexta-feira, 18 de junho de 2010

Conto 8 - Parte 1


Por onde começar a minha historia é um grande problema, pois não sei se faço o padrão ou começo pelo surgimento do que me tornei, já que os dois se confundem com o meu surgir com ser neste mundo.

Eu era filha de uma família normal e feliz, papai, mamãe, avós maternos e paternos, nossa situação financeira não era das piores, meu pai possuía um cargo alto em uma grande empresa, tudo parecia e até então era perfeito. Até que tudo começou, até em tão eu não conseguia entender o que estava acontecendo comigo ou o que eu era a partir de todas aquelas coisas.

Todas as noites em que me deitava tranqüila para dormir, mas acabava acordando nos braços de minha mãe e, ou meu pai, falando desta forma fica dando a impressão que se trata de uma pessoa velha, um adolescente ou algo parecido, mas corrigindo os fatos, isso era muito pelo contrario, nesta época que estou citando eu era apenas uma garotinha de quatro anos de idade, como lembro de tudo com tanta clareza é um mistério até para mim. Mas voltando para o assunto, o mais estranho de tudo não era o fato de acordar desesperada sem saber o porque e sem entender o que estava acontecendo, o estranho é que eu lembro tão claramente do que acontecia, mas naquele momento eu não lembro de nada do que eu havia sonhado, como se aquele desespero e meus pais em meu quarto me acalmando fossem completamente sem sentido, tudo bem que poderia dizer que não lembro dos sonhos por que ninguém poderia me contar o que sonhei e o que eu acho que lembro são memória que adquiri por que alguém me contou o que acontecia, mas o problema é que ninguém nunca me contou isso, eu simplesmente lembro que acontecia.

As noites mal dormidas continuaram até que completei seis anos, tudo para mim não mudava, eu acordei durante dois anos com meus pais em meu quarto, passei por alguns médicos para ver o distúrbio do sono como eles chamavam, mas nada resolvia o problema, era sempre a mesma cena no meio da noite, até o meu aniversario, exatamente no dia do meu aniversario eu recebi o maior presente de minha vida e muitas vezes eu me pergunto se não é esse o pior presente que recebi em minha vida, foi como se ao completar seis anos algo em mim despertasse, como se estivesse se liberando de algo que a muito estava aprisionado, como se eu tivesse vivido esse muito, e essa libertação fez com que eu pudesse ver o que acontecia em meus sonhos, todas aquelas telas pretas que se passavam durante a noite começaram a ganhar luz e agora eu podia ver o que acontecia, depois de muito tempo entendi que não eram só pesadelos, mas naquele momento eram apenas isso, o problema deste tipo de presente é que eles não vem acompanhado de manual de instruções como todos os outros.

Voltando ao aniversario, não sabia dizer se aquela festa deveria ter sido comemorada ou excluída, já que recebi meu dom maldição, um belo sonho escuro, onde só conseguia ver meus país de mãos dadas se distanciando cada vez mais, meus olhos se enchiam de lagrimas e eu gritava: “Pai, Mãe”, quando acordei mais uma vez estava no colo de meus país, mas desta vez lembrado do sonho e não só isso, foi neste momento que eu entendi o que havia se passado em todos os outros anos.

Durante muitas noites eu acordava com o mesmo sonho, mas algo estava mudando em meu corpo, em minha consciência, eu não estava mais acordando no meio da noite gritando ou chorando, acordava apenas com o coração acelerado como alguém que esta vendo uma cena de ação se agita ao vê-la mais não participa, e ao mesmo tempo não consegue entender muito, pelo menos não conseguia entender muito naquele momento, até que um dia ao chegar do trabalho meu pai veio com a noticia que sua empresa ia lhe mandar para uma viagem e ele levaria minha mãe nesta viagem, que seria curta, coisa de uma semana e eu que havia começado a pouco tempo na escola ficaria com meus avôs maternos neste período, naquela noite meu sonho mudou.

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