segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Conto 5 - Parte 1

Meu nome é João da Silva, não tinha nome pior para minha mãe colocar em mim, mais eu resolvi este problema, todos me chamam de BiBi, e sim todos me chamam assim, mas me chamam assim por que eu sou um palhaço.

Nasci na favela da rocinha, não tinha muitas oportunidades na vida, mais não queria muitas coisas, já dês do momento em que nasci eu sabia, eu sempre soube qual era o meu destino, queria mesmo era ser um palhaço.

Eu era um pequeno ser quando comecei a andar e já via no rosto das pessoas que elas estavam sentindo a comedia transbordando de meu corpo, a cada ato meu era uma diversão para todos, quando cresci um pouco mais comecei a fazer algumas palhaçadas na rua para ver se conseguia algum dinheiro, qualquer tipo de trabalho ali servia, eu devia ter uns cinco anos, mais mesmo saindo todos os dias não estava adiantando muito, percebendo o erro fazer malabarismos no farol e percebi que as pessoas ficaram alegres e me pagaram bem, em sua grande maioria, decidi que era realmente o melhor a fazer.

Só existia um problema, era preciso mais do que aquilo para seguir uma carreira. Eu ficava assistindo a televisão vendo um programa chamado “Os Trapalhões”, eles eram tudo o que eu queria ser, mais eram um grupo de quatro pessoas e eu era só, agora o que fazer? Mas eu sempre tive a certeza que eu poderia ser mais engraçado do que eles, tinha sete anos e sabia que era o mais engraçado do mundo.

Ficava o tempo todo imitando eles na frente da televisão até completar meus quinze anos, tinha todos os episódios gravados em fita cassete, tinha todos os filmes deles, agora estava na hora de encontrar um local que me ensinaria a ser melhor do que já era, as escolas convencionais não poderiam me ensinar nada, eu estava com quinze anos e estava na 6ª serie, não que eu fosse analfabeto ou burro, eu não ia para escola aprender, eu ia para escola para me apresentar, mas acabava na diretoria, por isso larguei e escola. Neste momento deve estar se perguntando: “E a família deste ser?”. Meu pai batia em minha mãe, mais ela sempre dizia que o amava e parecia sempre feliz, mesmo quando estava apanhando, até o dia que ele quebrou sua costela e ela foi pedir ajuda para meu tio que sempre a defendia, depois ela acabou expulsando meu pai que nunca mais apareceu, uns dois anos passaram e ela acabou se casando com o meu tio, com quem ela já estava morando, não tiveram filhos por que minha mãe perdeu o útero quando deu a luz a mim, algo pelo qual ela me culpava e quando ficava com raiva me batia, por causa disso meu tio acabava tendo filhos com outras mulheres que iam a casa deles para cobrar pensão, coisa que para minha mãe era um estorvo e ela acabava batendo nele no tempo que ele ficava em casa, já que a maior parte do tempo ele passava trabalhando para sustentar as pensões e e minha mãe, eu como não existia no meu desta confusão fui para casa de meu pai onde conseguia ficar sossegado, o que eu estranhava em tudo isso é que não me importava nada com toda aquela telenovela que eu via acontecendo ali, mais uma coisa eu aprendi com toda aquela confusão, eu sabia quando as pessoas estavam felizes, elas olhavam para mim e ficavam felizes, igual ao palhaço Bozo, que era outro programa que eu havia usado para me inspirar.

Agora voltando estava eu com quinze anos e precisava aprender a ser o melhor palhaço do mundo, para isto precisava de dinheiro, era o que eu pensava, em todos os lugares que procurava não via a escola de palhaços especificamente, comecei a achar que não existia este tipo de escola quando encontrei algo que poderia ser de grande ajuda, a escola de teatro, no Rio de Janeiro ela era muito conceituada e todos os atores da Rede de Televisão dos Trapalhões faziam aquela escola, era a minha chance de começar de algum jeito.

Quando surgiu o primeiro empecilho para ingressar na escola de teatro eu precisava ter dezoito anos ou mais e eu não tinha tempo para ficar esperando. Voltei para favela com o dinheiro que tinha e comprei uma identidade que dizia que eu possuía dezoito anos, estava pronto para começar na escola de teatro.

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