sábado, 16 de janeiro de 2010

Conto 4 - Parte 4

Estava eu olhando o lago ao lado de um banco onde estava sentado um homem jovem, como uma media de vinte anos de idade, parecia um pouco triste e eu resolvi conversar com ele para ver o que estava pensando, talvez pudesse ajudá-lo com tudo o que eu já havia vivido, talvez tivesse aprendido algo que pudesse ajudar um jovem.

Aproximei-me mais um pouco dele e lhe disse:

- Bom dia, meu nome é Raul e o seu.

Olhou-me com um peso, que pude sentir a profundidade em minha alma como se lá estivesse me dizendo seu nome mais sua resposta foi estranha, ele disse:

- Já me chamaram de tantos nomes que não saberia dizer se tenho um.

Achei aquilo um pouco estranho, mas continuei dizendo:

- O que faz aqui no parque?

- Aqui é um lugar tranqüilo neste mundo tão agitado, que resolvi ficar aqui por algum tempo para poder pensar no mundo e na vida, o mundo é muito confuso e complicado e as pessoas muito estranhas. – Ele me respondeu.

Olhei ele por algum tempo imaginando como uma pessoa com aquela idade aparente poderia estar pensando uma coisa dessas, como ele poderia ter essas idéias para com seu nome além da sua visão de sociedade, era incrível. Então sorri e perguntei:

- Por que está com todos esses lamentos, olhe como o mundo é, olhe o que ele foi, temos tantas mudanças no mundo que não podemos nem mesmo acompanhá-las, mas não podemos ficar apenas pensando nas coisas ruins.

Ele me olhou e respondeu:

- É engraçado o que me diz, pois eu penso realmente em muitas coisas ruins, só que o problema é que todas elas me afetam, deixei de trabalhar, se é que posso chamar de trabalho exatamente por pensar nas coisas ruins, eu vivi a minha vida inteira fazendo o que faço com alegria, só que comecei a ver o que as pessoas pensavam sobre meu trabalho era algo estranho, todos me temiam, muitos me odiavam, pior que aqueles que diziam gostar de minha profissão eram pessoas que tinham problemas e quando se deparavam comigo ficavam mais em desespero do que aqueles que me temiam, com o passar do tempo acabei entrando no que deveria ser uma depressão.

Fiquei com um determinado receio em perguntar para ele o que ele fazia, tudo bem que depois de tudo o que eu passei sabia que a morte não seria um problema, ou a não morte poderia ser o maior problema ele poderia ser um maníaco e eu poderia passar a eternidade em dor com aquele maluco, até mesmo por que meus pais ainda estavam vivo. Sem demonstrar meu receio perguntei:

- Mais você nunca pensou em mudar de profissão?

- Mudar de profissão não é algo que eu possa escolher, eu estou em alguns pontos de meu ser que não tenho muitas escolhas aquilo que faço me foi dado como uma dádiva, como se eu existisse para fazer o que faço, ou melhor, o que eu faço faz parte de tudo aquilo que eu sou e eu não posso evitar. – Ele me respondeu.

Achei que seria melhor não começar mais lhe perguntar muitas coisas quando ele olhou para mim e perguntou:

- E você o que faz na vida?

- Eu já fiz muitas coisas mais o meu foco era ser um medico e que acabei me tornando um cientista e depois um pesquisador. – Eu lhe respondi.

Ele me olhou dobrou sua cabeça para o lado levemente e me perguntou:

- Mas o que tanto pesquisou?

- Eu não sei se você sabe que no mundo existia a morte, há algum tempo a trás, mais por algum motivo que nunca consegui entender isto parou de acontecer com todos os seres vivos existentes no planeta, ninguém mais morrer, eu em desespero passei a viajar um mundo tentando encontrá-la fosse da maneira que fosse, até que eu desisti.

Quando ele me olhou com um olhar de espanto que eu nunca havia visto antes e me perguntou:

- Mais por que você estava procurando a morte, por mais que o mundo estivesse ainda em desgraças ninguém deseja a morte.

- Muito pelo contrario, de tudo o que eu vivi tudo o que eu sempre desejei foi encontrar a morte, meus pais ainda estão vivos em sofrimento eterno por que a morte nunca chegou a eles e eu agora já passei do que deveria e sofro por não poder viver, pois por mais que eu estivesse vivo eu não posso curtir a minha vida então eu não estou vivendo. Eu lhe respondi.

Ao olhar para sua face eu vi a feição da felicidade e da realização e foi quando vi a minha vida terminando.

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