terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Conto 19 - parte 2

Cheguei completamente amedrontado, estava tão molhado que não sabia se o suor que estava deixando meu corpo encharcado era da corrida desesperada que havia dado após aquela aparição ou se era do medo que eu estava sentindo. Estava sentindo um medo enorme de algo que eu não sabia o que era, acredito que no fundo era isso que eu estava sentindo referente aos homens sem cor, pois eu não sabia o que poderia estar por vir não sabia o que poderia acontecer e eu tinha medo que no fundo acabasse com a morte de minha tribo, e com todo esse pensamento em minha cabeça eu adormeci.
O dia clareou, e tudo parecia apenas um sonho ruim, estava sentindo um enorme peso em minhas costas, o peso de uma noite muito mal dormida estava sobre mim, olhei e todos já estavam prontos para seguir nosso caminho, estamos todos prontos para seguir nosso caminho quando vindo direto para mim estava o pajé, que se aproximou muito e disse:
- Está se sentindo perturbado, e realmente deve se sentir perturbado, uma força muito forte e não muito clara o está perseguindo, aquilo que pode parecer a solução, pode vir a ser a sua ruína, os caminhos mais simples nem sempre são os melhores, a flor mais bonita é a que tem os espinhos mais perigosos.
Aquelas palavras foram muito forte para tudo o que estava sentindo, mas a direção para qual meu olhar se direcionou naquele momento foi o pior caminho que poderia ser, ver o homem ser cor como o grande mal, vê-los como a mão da natureza oferecendo o belo fruto envenenado.
Caminhamos o dia todo até acharmos um bom lugar para nos estabelecermos algumas árvores frutíferas carregadas que seriam capazes de nós ajudar por um bom tempo, um solo limpo e fértil para cultivamos nossas verduras e próximo a um riacho que nos manteria saciados.
Meu coração estava calmo, sai com o grupo de caça para um reconhecimento da região avaliar o que tinha, o que deveríamos respeitar e o que poderíamos caçar, quando depois de muito andar me vi sozinho, sem perceber tinha me afastado de todos,  e sem notar eu estava frente a frente a uma ponã negra como a noite, como nunca havia visto antes, seu olhos vermelhos como sangue, e ela não só me olhou como penetrou a minha alma, como se me dissesse palavras, quando um mão tocou meu ombro e sai do que parecia ser um transe, e nada mais ali estava além do grupo de caça.

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