sábado, 29 de maio de 2010

Conto 7 - Parte 5

Minha cadeira estava como nova, tinha até trocado os panos, era incrível o que todos haviam feito em um só dia por um estranho, ainda mais para uma pessoa que nunca ajudava ninguém e só pensava em si mesmo.

Depois de dormir, me banhar e conseguir roupas novas estava na hora de ir buscar o que me era de direito, me ofereceram para me levar de carro até a empresa mais achei que já havia pedido favores de mais para aquelas pessoas, eu ia andando, ou melhor, ia rodando, mas insistiram tanto que acabei aceitando uma carona até a porta da empresa.

Agora era à hora da verdade, era o momento de retirar o dinheiro que eles me deviam, entrando na empresa as pessoas começaram a me tratar como se eu não estivesse ali todos os dias durante tantos anos, os olhares que eu recebia eram apenas de preconceito a um aleijado e nada mais, ninguém conseguia me olhar normal e até mesmo falar um simples “oi”, havia se tornado uma coisa muito difícil para eles, aquilo era estranho.

Na recepção pedi para que comunicassem que eu estava ali e que precisava resolver alguns problemas com o pessoal da área de departamento pessoal, ela entrou em contado e logo deu uma resposta dizendo que eu teria que esperar um pouco que alguém já viria me atender.

Passei algum tempo esperando até que alguém veio ao meu encontro para dar alguma explicação de como ficaria a situação em relação ao dinheiro que eu deveria receber por ter sido demitido daquela empresa. Ele me disse que dentro de alguns dias eu receberia na conta que eu recebia meu pagamento o dinheiro devido pelo me trabalho.

Agora começava a segunda parte da minha jornada, eu tinha que ir até o banco para conseguir usar a minha conta eu precisava de um novo cartão já que o antigo não existia mais, o trajeto até o banco não era nada fácil, não tinha dinheiro para um taxi e para piorar toda a minha situação as ruas não eram nada agradáveis para uma pessoa em uma cadeira de rodas vestida de terno e gravata que fazia a tarefa se tornar ainda mais difícil, alem do fato de estar sozinho, as pessoas que eu considerava alguma coisa eram as pessoas do meu trabalho até por que era com elas que eu tinha algum contato, e agora não tinha mais ninguém para quem pedir ajuda, nem mesmo para minha esposa, ex-esposa, já que os papeis do divorcio estavam prontos.

No banco as coisas não foram mais fáceis do que nos outros lugares, além do fato de me dizerem que eu não poderia fazer nada já que não possuía nem um documento e nem nada que provasse quem eu era eles não tinham como me ajudar, o gerente do banco que estava acostumado com minha face durante tantos anos não iria fazer nada por que eu não tinha um documento provando quem eu era.

Começava mais uma jornada a de arrumar meus documentos novamente, para isso precisava voltar para o hospital, arrumar algo que alegasse que tinha sofrido um acidente, que meu carro possuía meus documentos e que eu precisava de novos, depois ir retirar novos documentos, para daí voltar o banco e arrumar um novo cartão, que só chegaria em minha casa, que eu ainda não sabia onde era, e o que eu faria durante todo esse tempo enquanto eu espero tudo isso se resolver? Eu tinha muitas questões e poucas respostas.

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