quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Conto 19 - parte 4

Depois de alguns dias sem falar com o pajé, era como se ele estivesse me evitando, resolvi que era hora de confronta-lo se alguém poderia me dizer o que me perseguiu era ele, me aproximei e disse:
- A alguns dias você me disse palavras fortes sobre algo como o caminho mais fácil, sobre o melhor a ser feito, sobre um mal, depois me diz não saber o que me assombra, como pode ter vindo de você palavras de cuidado e não vir de você o motivo do perigo?
A cara de espanto foi como uma reação automática, ele não sabia do que eu estava falando e me disse:
- Me pediu ajuda para entender o mal que se cercava, fui falar com a mãe dos animais para que pudesse me ajudar, tentei falar com a guardiã da natureza para encontrar mais respostas, mais foi só isso que fiz, não posso adverti-lo de algo que desconheço ou aconselha-lo em algo que nunca me foi dito, não entendo do que você está falando, só posso lhe dizer que aquilo que te persegue pode ser somente de você é não dá natureza.
Ele realmente não sabia o que havia me dito, alguma entidade talvez tivesse tentando me falar algo através dele? Ou talvez simplesmente eu tivesse com tanto medo dos homens sem cor que eu realmente estava criando coisas por medo, era tudo o que pensava quando um problema maior do que os meus problemas pessoais apareceram a minha frente.
Eu havia me perdido com meus problemas e deixado o grupo de caça sair sozinho naquele dia, algo do qual vou me lamentar eternamente, quando somente um, apenas um dos homens que haviam saído volta em desespero e coberto de sangue dizendo:
- Estávamos mirando em umas lebres e acharam que miravamos neles e com suas armas de trovão mataram a quase todos eu tentei fugir carregando os que ainda achei estarem vivos mais era tarde.
Logo após terminar desfaleceu.
Corri para meu Xaré para lhe contar o ocorrido e suas palavras imponentes vieram:
- No fim encontrasse paz, na guerra só existirá uma vida de tortura interna.
Um ódio me consumiu a passividade não era meu caminho, baixar a cabeça e esperar a morte pelo fogo não era meu jeito, é quando somos jovens a imprudência faz parte de nós, com toda ira dentro de mim, acabei por esquecer meu medo e parti floresta a dentro, naquela noite tudo iria mudar eu sentia e desejava aquela mudança.

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