sábado, 12 de julho de 2014

Conto 19 - parte final

As sombras tomaram a luz e pude tudo ver como se meus olhos estivessem preparados para aquela escuridão, e meus ouvidos aguçados na luz, super poderosos na noite, escutava então a conversa que se seguia:
- Amanhã vamos nos encontrar com o líder deles, aqueles idiotas acreditam e, tudo o que dizermos, vamos tentar mostrar que estamos dispostos a negociações e quando tudo estiver preparado matamos os homens ficamos com as mulheres e usamos as crianças para serviços.
Então um deles falou:
- E o que fazemos com aquele que se entregou? Ele não disse nada e parece não querer falar diferente aquele outro que encontramos.
- Nós o matamos depois.
Provavelmente estavam falando de meu pai, mais o que fazer, como sair dali??? Foi então que o sentimento de impotência foi sendo tomado pelo sentimento de ódio, que o sentimento de vingança se tornou força e as sombras da noite foram se tornando cada vez mais forte, que a escuridão foi tomando conta da luz que iluminava a noite as artificiais e as naturais, e a sombra levantou a grade de bambu que me prendia, eles em desespero nada podiam ver, não podia se escutar, enquanto eu podia fazer tudo naturalmente como se aquele fosse meu habitat, como se aquele fosse meu lugar, era aquele meu poder? Não importava coloquei as entranhas de cada um para fora um por um, naquele momento pensei:
- Meu Xaré está completamente errado, não existe paz, só ódio e guerra.
O dia clareou e lá chegou meu pai, que ao me vê sentado esperando olhou ainda mais triste do que no dia em que me mandou embora, pude sentir o cerco e se flechas apontadas para mim, que antes tivessem me matado para não escutar aquelas palavras que diziam:
- Nem a solidão lhe fez entender.
Ele mais nada disse e mesmo que eu pudesse explicar nada mudaria, todos se foram, e a noite caiu, senti uma presença se aproximando, aquela presença daquele dia, e ela me disse:
- Você é o oitavo filho de Tau

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