domingo, 28 de setembro de 2014

Conto 21 - Parte 1

Dês do início de minha infância que escuto histórias da vida de meu pai, que convivo com meus avós paternos como se fosse tudo normal, mais por outro lado a vida de minha mãe é como uma incógnita, não existe histórias,  pelo menos nunca me foram contadas, não existem fotos, ou como as histórias, nunca me foram mostradas, e ainda não existe parentes algum, não conheço meus avós, não sei quem são ou se existiram, sempre pensei que minha mãe tivesse crescido em um orfanato ou algo do tipo e talvez tudo aquilo fosse muito traumático para ele e devido a isso ela não conseguisse falar, mais sempre existiu algo nesse pensamento que me incomodava, algo que faltava, como se tal dedução fosse errada.
Acredito que minha dúvida se deve a uma meia lembrança que tenho de um homem vindo a nossa porta e minha mãe fechando a porta em sua cara como se não desejasse de forma alguma falar com ele, mais o que ficou em minha mente o que eu nunca esqueci foram duas coisas marcantes, a primeira que ele chamou minha mãe de Liz, forma que nunca vi ninguém chamar e a segunda foi o fato de termos nos mudado quase que imediatamente daquele lugar, por mais que ainda não deixássemos de visitar os parentes de meu pai, se tínhamos algo do que fugir por que voltar a um lugar fixo, isso sempre me deixou incomodada. Mas aquela lembrança era incerta a figura do homem não era nítida e eu nunca mais ouvi nada sobre ele naquela casa.
Os anos se passavam e conforme eu crescia comecei a perguntar sobre a família de minha mãe e toda vez ela se esquivava, ela poderia ao menos falar que não estava disposta a entrar no assunto, que era muito triste para comentar, que trazia más lembranças,  mais não, ou ela mudava de assunto, ou me deixava falando sozinha, até o dia em que ouvi pela primeira vez a palavra passado saindo de sua boca, eu tinha completado 15 anos quando fortes dores começaram, dores distintas, por diversas partes do meu corpo, iam e vinha, como se algo estivesse dentro de mim, como se algo desejasse sair de meu corpo com toda força, fomos a vários médicos, de um especialista a outro nada era encontrado, fiz todos os exames possíveis e imagináveis, e nada foi encontrado, aos poucos era como se eu me adaptasse,  mais no meio de tudo, um dia enquanto achavam que eu dormia minha mãe falou:
- Eu sabia que um dia o passado voltaria para me assombrar.
Durante aquele ano meu corpo mudou eu podia sentir, era como se eu tivesse renascido, como se algo dentro de mim tivesse nascido, um força estranha, algo que eu não podia explicar, e as dores passaram.

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