sexta-feira, 9 de julho de 2010

Conto 8 - Parte 4

O primeiro ano tinha passado e eu estava quase completando oito anos de idade e mais nenhum pesadelo grave havia me assombrado, só pequenas coisas sobre alguns conhecidos, crianças mal educadas querendo fazer certas coisas que eu sonhava e acontecia como se eu produzisse este tipo de coisa desejava e pronto acontecia, e na maioria dos casos coisas desagradáveis, maldades simples de criança, mas maldades, uma vez ou outra eu via minha avó comprando um presente ou alguma coisa do tipo.

Morar com meus avôs só se tornava complicado pelo fato de que acabaram fazendo tudo o que eu queria, talvez para compensar a perca de meus pais, talvez por serem avós. O motivo não importava, só sei que faziam e no fundo viver com eles era muito agradável, ainda mais por que uma semana eu ficava com meus avôs maternos e na outra com os paternos.

Tudo estava indo muito bem a felicidade reinava sobre mim, quando os sonhos começaram a se tornar pesadelos novamente, só que desta vez eu comecei a ver com mais clareza, era como se com o passar do tempo eu estivesse criando imagens mais nítidas em minha cabeça, e eu via meu avô magro, mais de uma forma não comum e entrando em aparelhos estranhos, tomando diversos remédios, só que essas imagens eu não gostaria de ver, não queria que aquilo acontecesse, eu não queria criar doença em meu avô, via minha avó chorando ficando triste, triste, muito triste e se deitando e depois um grande frio, um frio muito forte e os meus avós paternos vindo ao meu lado me abraçarem.

Se as coisas aconteciam eu comecei a pensar que eu poderia fazer ela não acontecerem, o que era bom eu desejava acontecia, o que era ruim eu evitava e não acontecia, agora era a hora de fazer com que esses problemas não acontecessem, eu tinha que fazer aquele sonho não se tornar realidade, mas como eu poderia fazer uma coisa dessas possível? Eu era apenas uma criança e não tinha muito controle de nada, mas eu tinha que ter controle daqueles pesadelos.

Dentro do sonho de tanto esforço que eu fazia consegui começar a me mover, como se pudesse controlar meus movimentos dentro do sonho, já era um primeiro passo eu consegui me aproximar de meu avô, de minha avó, mais não conseguia mudar o que estava acontecendo com eles, parecia que o meu ato tinha piorado as coisas, pois ao me movimentar dentro do sonho e deixar de ver as cenas como um filme eu comecei a ver mais coisas do que eu estava vendo, passei a ver mais detalhes, detalhes como meu avô vomitar, gritar, gemer de tanta dor que estava sentindo, passei a ver a minha avó depois de ver meu avô no caixão assim como vi meus pais começar a tomar alguns remédios, ficar horas vendo as roupas de meu avô, depois ir a alguns medico e passar a tomar remédio e por fim deitar se ao lado de meu avô.

Percebi que o que eu tinha feito só tinha piorado a situação, as coisas ruins não podiam ser evitadas daquela forma e ainda mais elas se tornaram ainda piores, quanto mais eu me movimentada mais as coisas pioravam, só que agora no meio de todas aquelas coisas eu não conseguia mais ficar imóvel, não conseguia mais ficar parada como se nada fosse, como se fosse um filme, seu eu não me movimentavam as coisas se movimentavam a minha volta.

Quando tudo aquilo que eu via em sonhos começaram a acontecer na realidade, eu não consegui fazer nada, passamos dois anos lutando junto de meu avô contra o câncer que ele possuía, mas quando começávamos a ter um pouco mais de esperança os médicos mostravam que a coisa estava ainda pior, era impossível aquilo acontecer, mas aconteceu, depois que meu avô faleceu minha avó entrou em depressão, e acabou falecendo em sua cama sozinha.

Foi quando com dez anos comecei a pensar, “Qual o motivo de criar tantas coisas ruins que me prejudicam? Por que eu criava tantas coisas ruins para com aqueles que eu amo?”

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