quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Conto 11 - Parte 3

Achei aquilo muito estranho, como eu poderia saber que eu era escritor, tudo bem que já estava ali naquele lugar a algum tempo e que nas horas livres eu ficava escrevendo, mas isso era feito nos fundos, o único que sabia que eu escrevia alguma coisa era o dono daquele lugar que passava o tempo todo na cozinha e dificilmente falava com as pessoas, fiz um olhar de espanto com aquelas palavras, então ele continuou a dizer:

- Não se assuste, eu comentei isso por que você tem cara de escritor e não de garçom e como venho muito a esse lugar eu andei reparando em você, me parece muito promissor.

Sorri um pouco atordoado com aquela abordagem, não sabia o que responder, aquilo foi muito estranho ao mesmo tempo que parecia uma cantada barata, então eu respondi:

- Depende do que você pensa que seja um escrito, pois não tenho nenhum livro publicado, mas gosto de rabiscar alguns papeis raramente sim.

Ele sorriu assustadoramente e me olhou, um olhar profundo que parecia tocar o fundo de minha alma como se um frio abatesse aquilo que sou e falou:

- Eu sou um caça talentos, ajudo as pessoas a despertar seus desejos mais íntimos, sou praticamente como um gênio da lâmpada, acabo realizando o desejos de todos aqueles que possuem a coragem de dar um passo a frente, assim tento um tato especial quando vejo alguém que possui um talento que não demonstra para todos e pude sentir isso em você.

Um caça talentos em um lugar daqueles, uma parada para vários lugares, eu pode vir de um lugar para o outro e por isso está sempre ali, mas eu estar ali e ter ficado tanto tempo aqui era algo estranho, não parava em um emprego por mais de um mês, sempre me irritava e seguia em frente, pegava a estrada, mudava de cidade, estado, cheguei até a mudar de país algumas vezes, mas ali eu já estava a quase um ano, a conhecidencia era muito grande resolvi sentar e escutar o que ele tinha para me dizer, mas antes de escutar lhe disse:

- Você disse que ajuda as pessoas, mas pelo seu carro ali fora deve ter um preço para ter a sua ajuda não estou certo?

Ele sorriu.

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